15 dezembro 2007

O amaríssimo travor de seu dulçor

Tornou-se impossível. Dominou-me repentinamente. Não que antes fosse fraco, mas de um segundo para outro, tornou-se claro, impassível, difícil, dolorido. Latejou em meu peito, senti o sangue correr ardendo as veias, sangrando-me. Era exatamente e ao mesmo tempo não podia ser. Tremi, relutei em crer. Vi-me em guerra contra meu próprios pensamentos, tentando afastá-los, dividindo-os, censurando-os. Pare com isso. Desesperei-me, quis gritar e me contive, precisava de silêncio, ninguém pode saber. De qualquer forma, isto acabava representando tudo: eu querendo tornar tudo real, querendo dizer, fazer, falar e ter, enquanto meu corpo e minha razão me continham e seguravam, me dizendo que não, não e não. Chorei. Chorei em silêncio, quase internamente. Chorei pra mim, um pranto doído e forte, quieto e insistente. Amparei minha cabeça nas mãos, era eu, sozinha, me consolando. Os momentos passavam falhados, fortes. Sentia cada segundo se alojando em mim como um segundo que eu jamais poderia esquecer. Mexi-me desconfortavelmente, insegura. Agarrei-me a mim mesma, sem ter mais ao que recorrer. Fui sentindo o decorrer do tempo, passando com um peso difícil de suportar. Respirei fundo, deixei o ar invadir os meus pulmões compulsivamente. A calma foi chegando como conseqüencia, uma paz merecida.

Deitei-me na cama e deixei o meu sentimento se espalhar por toda a vastidão do meu corpo, por si próprio, não sou de meias liberdades. Degustei-o pela primeira vez com carinho, de um novo jeito, todo cheio de partes, de sorrisos e felicidades. Cansei de me conter e deixei-me pensar em tudo, tudo, tudo, tudo... Tudo o que eu quis, sem qualquer excessão. Sonhei com todas as cenas que minha imaginação pôde inventar, com todas as ocasiões, com todas as partes do seu corpo. Pensei em você de todos os modos, pus de lado o medo e me deixei levar com o ritmo da chuva que batia na janela. Sorri e chorei, gargalhei e mais, de braços abertos, de coração aberto, apenas sentindo tudo o que havia dentro de mim, cada pequeno espaço que eu não tinha conhecimento de quanto amor cabia ali. Sentei-me na beira da cama, com um sorriso vazio, nenhuma expressão, nenhuma palavra e nada poderia expressar externamente tudo o que aconteceu dentro de mim. Sorri por nada. Lembrei de você e do seu jeito e nada mais. Neste momento eu soube, que não havia maior verdade pra mim do que este amor, que era tudo o que eu sabia sentir. Senti-me viva e essencial. Eu sou alguém que ama.

Aceitei, por fim. Aceitei tudo, cada centímetro de amor que eu sinto, não quis jogá-los fora. E que seja amor, e que seja forte, e que doa pra sempre e traga pra mim o sorriso de cada dia. Desde sempre foi e continuará sendo o amor da minha vida, a diferença é que agora eu sei disso. E que nada mude, eu engolirei cada palavra, cada sílaba para poder estar sempre ao seu lado. E que só eu e Deus saibamos que bastaria uma palavra sua. E que eu tenha a paciência de procurar esta palavra entre as tantas que você me diz, e que eu consiga entender se ela jamais vier. Que seja um segredo, até mesmo pra mim. E que cada vez que ao me despedir eu tiver uma vontade incontrolável de dizer "eu te amo mais do que eu sou capaz e quero você pra mim" eu saiba dizer apenas "boa noite".

Boa noite.

De onde vem a inspiração?

Deitou-se no chão cansada, sentindo o peso dos ossos amarrando-a ao chão, atada à Terra num laço invisível e insuperável, como se sua liberdade, por mais que o sangue que corresse as veias a clamasse, nunca pudesse deixar de ser limitada. Faziam cócegas as formigas que lhe escalavam o corpo e as folhas dançavam, mudas, sua ritmada coreografia, não que fosse bela. Certas vezes, as folhas tentavam dizer pelo vento que lhes percorria, atrevido, o quanto queria dizer e não podiam. Mas a realização concreta da matéria de suas almas, a fria, crua, indigerível e verde clorofila não estava pronta para deixá-las dizer: recebia o Sol e todos os seus raios, mas o som... Ah, o som... Era demais pra elas.


Ainda deitada no chão, perdida se encontrando em seus devaneios, a menina sentiu então que a inspiração era para ela um tapa: batia forte, inesperada, lhe doía o corpo, as entranhas, ansiosa. E resposta era pois escolha, ou sentava-se e esperava passar, ou explodia. No fim, ficavam as marcas, mais fortes ou mais fracas, coisa de intensidade. Ou, por vezes, não ficava nada, simplesmente.

25 outubro 2007

Denúncia

Quando fogem as palavras, o coração aperta, vem uma vontade louca e a risada sai descarada: te denuncia.
Achei que eu não fosse capaz de gostar de alguém assim.

09 setembro 2007

Arranjos de piano e declarações de amor

O piano estava fechado, havia sido muito requisitado hoje, mas agora descansava. Clarice, com os dedos ainda doendo de tocar, estava sentada no banquinho almofadado encostada na madeira preta e polida que agora cobria as teclas. Estava contente (oras, muito mais que contente!) observando com os seus olhos cor de mel um moço de chapéu e calça xadrez batendo os dedos nas cordas de um violão, apertando um acorde de Sol com a outra mão e cantando. Ah, que lindo ele era! O cabelo loiro quase branco escapando delicadamente por baixo do chápeu, com todo o estilo que lhe era peculiar e os olhos negros como as teclas de meio tom acima de dó, ré, fá, sol e lá muito concentrados na partitura. Ela o olhava com uma paixão que há algum tempo se julgava incapaz de sentir. Eles estavam sozinhos e a casa era grande. Mil pensamentos a iludiam. Quando Gabriel notou a vaga atenção tão severamente destinada à sua composição, corou. Ele era um garoto muito extrovertido, mas perto dela tudo o que sabia não valia de nada, era um Universo novo. Pousou a mão nas cordas irritantes que insistiam em continuar vibrando. Pegou a lapiseira e fez uma anotação na letra da música. Apoiou o violão na parede e ficou de pé. Na frente dela. Ambos os corações dispararam, incontroláveis. Aquele segundo em que o casal se fitou durou uma década.

- Nós vamos ganhar esse concurso – ele disse – e qualquer um. A nossa música é perfeita, o seu arranjo do piano ficou magnífico e a sua voz... Sua voz é... Inexplicável.

- Pessoas apaixonadas compõe muito bem, ainda mais – ela estremeceu – juntas.

Ele riu e se aproximou um pouco dela. Era tudo o que precisava ouvir, era tudo o que queria.

- Você me faz parecer uma criança, Clarice. Olha isso! – mostrou a mão, trêmula.

- Oras, meu bem, um dia a gente cresce... – Ela segurou a mão dele e levantou, ficando muito, muito perto dele. Ele fechou os olhos e respirou fundo por um segundo, o perfume dela preencheu a sua alma. Ele nunca esteve tão completo. Amava Clarice.

- Meu amor, – disse enquanto a envolvia nos braços - se ser criança é isso, eu quero ir pra Terra do Nunca com você!

Ela riu e retribuiu o abraço, ainda o olhando no fundo dos olhos.

- E eu te amo, Peter.

29 julho 2007

Simples, assim [parte 1]

Jonas tinha 25 anos, mas para ele pouco importavam os anos, tinha se acostumado a viver os dias, os minutos, os segundos. Era feliz do jeito que sabia, simplesmente por nunca ter questionado ou duvidado de sua própria felicidade. Não que fosse muito bonito fisicamente, mas era excêntrico e encantador, pouco falava. Às vezes, passava o dia todo sem falar nenhuma palavra, olhava o movimento com a curiosidade de uma criança de dois anos. Sorria o tempo todo, sua boca fora feita para sorrir e isso o enriquecia. Ficava tão bonito quando sorria! Ele gostava das cores, gostava muito das cores. As primárias eram as que mais o agradavam. Ele gostava das pessoas também, de algumas. Gostava de vê-las falando, olhava... Gostava de água, de desenho, de calor e de frio também. Era infantil e maduro. Era uma contradição inteligente e fascinante... Incompreensível... Não sei dizer.


13 julho 2007

Até no seu silêncio existem razões (o meu amor incondicional por Clarice Lispector)

Não sei se é exatamente o abismo do silêncio que ecoa que me traz tanta angústia. Eu sinceramente esperava que você jogasse o cabelo curto pra trás, ficasse de pé e falasse alto, e falasse muito. Você já me fez sorrir, já me fez chorar, suas palavras já me causaram emoções das mais diversas e acho que eu esperava vê-las, pelo menos em parte, em você. Eu procuro entre os seus problemas de dicção e seus sotaques as suas palavras, mas elas são poucas, vazias, curtas, frias e enigmáticas. Seus olhos querem estrangular aquele repórter (ou será que você é assim mesmo o tempo todo?) e por vezes no tom de voz dele é possível sentir um alto teor de reciprocidade. De onde vem toda essa coisa de ser contida? Suas peças de roupa não ornam, jogada naquele sofá velho e marrom de 1977. Você não sabe, não quer dizer e a sua novela tem mais de treze títulos! Eu ainda não consigo definir o que eu senti vendo você ali... As suas palavras não têm pudor, não são medidas na intensidade. Você insiste em falar ao mesmo tempo que o entrevistador e depois o encara no silêncio e o obriga a quebrar o vazio com a próxima pergunta. Logo. Você ama os seus filhos e diz que só está triste hoje por causa do cansaço, mas eu só vi o seu sorriso uma única vez em uma foto ainda. Embebeda-me o desejo de lhe abraçar bem forte, de lhe dizer como o seu mundo é completo, como a sua alma é enorme, da sua grandeza! Quantas vezes mesmo você morreu? Tolinha, não morreu nenhuma! Você é imortal, você vive nos seus livros, você vive nas pessoas, você vive em cada lágrima e em cada suspiro de seus árduos ou desleixados leitores, a sua Hora da Estrela chegou e ela não tem mais treze títulos! Eu acredito em você e pra mim você existe. Não é assim que funciona? Pra sempre. Eu queria plantar um sorriso no seu rosto lindo... Lindo! E segurar a sua mão enorme. Eu queria tentar desmanchar a sua certeza de que todo adulto é solitário. Pense duas vezes, meu bem: Quando você me traduz seu coração em uma dúzia de palavras, eu sinto que eu entendo a sua alma, eu vejo você. Talvez nós não sejamos tão diferentes: veja todas essas emoções que compartilhamos, você não está sozinha!!!

Eu desejo o impossível, sei disso. Compreendo o quanto é impossível, mas não consigo repreender o meu impulso de desejá-lo. E de tão tolo, mesquinho e impulsivo, o meu coração só consegue aumentar o meu desejo. Desejo olhar nos seus olhos, conhecer a sua intensidade com meus próprios sentidos. Ninguém melhor que você sabe que Ver é a pura loucura do corpo. E eu mais do que ninguém sei que loucura alguma me falta.

Se fosse qualquer outra pessoa o meu instinto implicante poderia pensar em reclamar. Mas é você... e... eu não consigo. Você se deixa ser, se deixa dizer de uma forma tão completa que eu não sei. Nem mesmo esse seus modos contidos, que em outras ocasiões me decepcionariam, coseguiram me chatear: eu, com todo o meu coração e compreensão, vejo a sua excentricidade claramente escondida neles. E do que eu haveria de me queixar? Não é essa angústia que você me traz que faz com que eu lhe idolatre com tamanha intensidade? Não é esse seu jeito quieto que me fez assistir todos aquelas dezenas de minutos de vídeo? Eu nem gosto de entrevistas! Não é você, Clarice? Não é você? Sendo você, ai Deus: Já é mais do que eu posso pedir, já é mais do que o bastante. Tantas são as suas definições... Se compreender-lhe é uma questão de tocar ou não tocar, eu nem sequer preciso ler seus textos para compreendê-los: eles tocam o meu âmago só de ver o seu nome em baixo. Depois que eu leio é indescritível. Todos. Eu amo você com todas as letras, Clarice Lispector. Com todas as palavras, com todas as expressões. E, oras, Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós.

Então vem um esdrúxulo qualquer me perguntar pra quê fazer uma declaração de amor pra uma mulher que nunca irá ler. Não me dá vontade de responder, minha vontade é escrever mais. Daí da sua estrela, Clarice, do seu lugar, do seu céu, você verá as minhas palavras? Você sentirá ao menos parte da minha emoção? Enfim encontro uma causa justa pra minha luta: Incondicional é algo que não possui condições. E meu amor por você é incondicional. Só. Escreverei inúmeras palavras, descreverei de inúmeras maneiras. Pra saciar minha própria vontade. Minha própria loucura. Minha própria saudade.

Deixe-me dizer só mais uma vez, me faz bem e não faz mal a ninguém mais: eu amo você, Clarice.

Com todas as minhas forças.







03 julho 2007

Trechos importantes de conversas desnecessárias

Havia duas meninas sorridentes numa perua que pulava mais do que aqueles jipes em trilhas, mas mesmo assim elas estava felizes porque uma das meninas (a que estava sentada na janela com a trava quebrada) tinha um aparelho que tocava músicas e, no dia anterior, ela havia renovado o estoque. Elas estavam cantando e dançando (apesar da reprovação geral dos companheiros) ao som de Fiona Apple. Nada as deixava mais felizes do que ouvir aquela bêbada cantando to you love to your love loucamente. Então, do nada, a menina da janela parou e olhou para a outra, que cantou por mais alguns segundos e depois parou também. A menina da janela não se conteve mais e falou:

- Sabe? Eu amo a Gabriela demais.
- Na verdade eu já sei sim, der! E você também já sabe que eu também. E muito!
- É esse cd, só pode!
- É!!! Muito! Lembra muito ela.
- Se um dia me perguntarem quem foi a paixão da minha adolescência eu vou responder que foi a Gabi.
- AHAHAHAHAHHAAHHA.



Depois disso elas mudaram de assunto.


31 maio 2007

A sinestesia da aventura particular de Jonas [parte 2]

(discurso indireto livre escrito para a professora Cristina Rick)


Todos os dias por volta das nove horas da manhã, a rua forrada por paralelepípedos acinzentados e sujos de terra ouvia o assovio de Jonas. Ele mesclava as notas desordenadamente bem e sorria, como era de costume.

A combinação da rotina e da detalhada atenção do garoto era perfeita: conhecia todas as pessoas que aquele habitual acaso lhe dava oportunidade.

Enquanto pedia dois pães, por favor como sempre para a rechonchuda Dona Eulália, imaginava coisas escritas nos olhos dela. Ontem eu briguei com o padeiro e estou arrasada, Jonas. Como resposta, a reconfortava com um sorriso carinhoso. Amanhã vocês fazem as pazes, não se preocupe, ele ama a senhora muito. Ela dava um sorriso com seus dentes pequenos enquanto ele entregava as moeda
s e saía da padaria sem dizer palavra. Ela o achava um tanto quanto estranho, mas gostava porque sempre a deixava mais feliz. Planejava um dia perguntar o nome dele, mas faltava coragem.

Jonas andava enquanto comia os pães e ainda encontrava tempo para olhar e achar que sabia que a casa da moça das saias que esperava o ônibus era construída segundo as ordens do FengShui. Gostava do sorriso dela, mas ela nunca sorria em dias chuvosos. Tinha três gatos, ele passou perto quando achou que ela tinha dois.

Um pouco mais adiante, perto da esquina com a rua pavimentada, tinha a senhora das sombrinhas coloridas. Em seus devaneios, ela tocava piano ou não teria os dedos tão tortos. Jonas a ouvia declamando alguns acordes às vezes sozinha na rua. Todo mundo tinha medo dela. Dava aulas de piano no primário e as crianças apertavam as notas com força porque tinham muito medo dela. Ele nunca dizia nenhum oi, pois também tinha.

Outra que ocupava notável espaço na memória disléxica do garoto era a mulher do Vivaldi. Vivaldi é o nome que escolheu pro São Bernardo dela, Bethoven é comum demais, mas como não quis fugir da linha de raciocínio resolveu-se por outro compositor clássico do qual, inclusive, gostava muito mais. Jonas gostava de música clássica. O cachorro foi atropelado na semana passada, só podia ter sido: mancava um bocado. O Vivaldi melhorou, Veterina? Ela tinha cara de veterinária e não existia melhor nome de veterinária que Veterina. Ela não virava o rosto, mas pra ele era como um: Sim Sim! Veja como ele está forte!

Jonas não ouvia direito de um ouvido e tinha um grau de miopia em cada olho, além de ser daltônico. Era trancafiado em seu próprio mundo, em que podia escolher os nomes, as cores e os sorrisos conforme lhe fosse mais aconchegante.


Exatamente no momento em que ele virava uma esquina que dava para a avenida onde estava o ponto do ônibus que o levaria para o trabalho, avistou uma moça diferente. Pensou que ela deveria estar visitando os parentes ali por pe
rto. Degustou com curiosidade os miúdos da aparência dela: bonita... Linda! Os pensamentos se sobrepunham sem prévias. O sexto sentido sinestésico de Jonas estava aguçado, delirando por saber mais. Ela caminhava em passos lentos, despreocupados. Ele, como queria olhar mais, diminuiu a velocidade também. As cores das roupas dela, o gingado daquele dia de clima estranho, a música que começou a tocar na cabeça dele. Via claramente a alma dela, mas não conseguia decifrá-la. Ele não arriscava dizer quantos gatos tinha e nem sequer qual era o quadro da parede da sala de estar da casa dela. Quando caiu em si, a moça já havia notado o interesse no olhar dele. Ela sorria e não só sorria, sorria para ele. Era um sorriso dado, assim: lindo, aberto escancarado com todos os dentes. Era delicioso para ele vê-la sorrindo, mas confuso e diferente demais.


Foi só um simples "olá!" e ele nem sabia o que fazer. Procurou os bolsos, como se tivesse acabado de notar que possuía mãos. E ainda procurando reação, fingiu que não ouviu nem viu, olhou para os lados, para cima, engoliu seco. Deus, e agora? Entrou no ônibus correndo. Ônibus vazio, ônibus errado. Não faz mal. Sentou-se e os olhos arregalados miravam para qualquer coisa sem conseguir ver nada de verdade. Olhava além, como se olhasse para ela ainda. Sentia o coração batendo no braço, no pescoço, na perna e batendo, batendo forte. Ele não estava preparado para tais radicais mudanças.

De repente piscou, balançou a cabeça e se sentiu completo. Sentiu o olá da menina preenchendo algo que ele nem sequer tinha se dado conta que estava vazio. Pensou com convicção que só agora conhecia uma pessoa de verdade, conhecia mesmo. Pensou se poderia vê-la no dia seguinte, mas estremeceu só de pensar: Acho que não preciso conhecê-la mais do que isso. Já estou completo.

12 maio 2007

Tum Tum, meu Brasil!


Eu sou do Brasil. Hoje eu acordei com uma vontade adoidada de dizer que nasci nessa terra ignorante dos bois, do açúcar, do café, dos batuques, do acarajé. Essa terra avermelhada, da pele marcada de Sol. Da alegria das cores, das penas, dos tupis. Terra das raízes, das misturas, do verde, do amarelo e do azul. Das danças, da chuva, da seca, da paixão e da rotina.



Esse meu país, enorme, maltratado e contido, segurado até as últimas forças, dominado, enfim. Minha terra do samba, do lobisomem e de Iemanjá. O que é que há contigo?

Meu brasil percursionista, cadê teu povo dos tambores e chocalhos? Batam palmas! Cadê teu vatapá, dendê? Tuda feijoada? Farofa, farinha! Quantos brasileiros realmente sabem o que significa fast food?


Meu Brasil das redes, dos tecidos, dos vestidos, das vergonhas. Eu estou aqui pra te viver! Eu estou aqui pra ser parte de ti! De uma vez por todas, aqui estou eu e sou. E que sejamos nós. E que sejamos próprios.

Meu Brasil, cadê tua cor? Cadê o povo, teu pulo e teu carnaval tremendo as tombadas estruturas do maravilhoso pelourinho?! Cadê?

Essa manhã se apossou de mim, sem mais palavras, um espírito fortíssimo que me trouxe um batuque e um gingado especialmente brasileiro. Que me fez tanto bem! E que é tudo o que nos falta. Acordei com toda a esperança que não temos mais, com todo o gosto que deixamos escorrer por entre os dedos, por entre os dentes. Eu quero gritar pro meu povão que essa terra enorme é nossa! Que essa cultura é nossa! Que ninguém pode tirar isso da gente! Eu tenho vontade de sair sambando por aí. E dizer do quanto tudo isso é nosso! E o frevo? Vamos dançar frevo! Eu quero que todos vocês queiram querer. Eu quero que se orgulhem do nosso suor, dos nossos grãos e que se orgulhem de nós. Eu quero olhar pra nossa história e encher o peito de ar fresco e poder dizer: linda. Eu quero a nossa história. Eu quero que seja nossa. Eu quero uma semente verde e amarela pra pôr no coração de cada um desses mamíferos desmamados e inconscientes. Eu quero nossas rendas e nossos sacos, nosso cheiro e nossos abraços.



As pré-definições são tão fúteis... Me cansam, me enjoam.
Ai ai Ai ai, South American way!

Eu tenho orgulho do nosso calor, eu tenho orgulho dos nossos defeitos. Sim, é preciso aceitá-los.

O detalhe da poeira que levanta do chão, da chuva que cai forte nos dias de verão e que logo passa, da grama verdinha no começo da manhã e ainda molhada de orvalho. Será preciso apontar a beleza que existe nisto?

Eu cheiro à Brasil, vivo o Brasil, eu respiro e me alimento de Brasil. Em minha humilde tentativa de gratidão em forma de palavras, eu tenho que tirar o nó que está entalado na minha garganta porque eu acredito, porque eu sou brasileira de coração, porque eu tenho fé ainda. Eu tenho fé em nós. Vamos acordar, meu Brasil das onomatopéias, das figuras de linguagem, das expressões populares!


Meu coração não bate, batuca. Eu tenho o calor e a risada da minha terra. Eu sei bem de onde eu venho e eu encho a boca pra falar:

Eu amo você, meu Brasil!





03 maio 2007

Irreparável


Perdi meu pai há alguns anos, mas tenho que admitir que ele foi a melhor pessoa que eu conheci em toda a minha vida. Sempre calmo, honesto, fala mansa, risada franca. Aceitava a vida com uma sabedoria que só bem mais tarde (tarde demais) pude compreender.

No auge da minha adolescência, quando as garotas acham que são o centro do universo, arrumei um namorado e saíamos muito, o que deixava a minha mãe muito nervosa. Todas as vezes que eu chegava em casa era o mesmo sermão, minha mãe muito irritada gritava comigo.

Nesta época meu pai já estava doente e quase não se envolvia nestes problemas.

Certa noite, quando eu cheguei, minha mãe mais uma vez veio gritar comigo (que eu não poderia chegar àquela hora, que os meus amigos não prestavam, etc, etc...) e eu que já estava irritada, respondi duramente pra ela, fechei a cara e me fechei no meu quarto.

Foi quando notei que havia deixado a minha bolsa no quarto dela.

Fui até lá buscar e encontrei o meu pai já deitado, mas como eu estava brava, sequer lhe dirigi a palavra. Quando eu estava saindo, ele me chamou:

- Keily!

Me virei bruscamente e respondi:

- O que é que foi? Você também?!

E ele me respondeu mansamente:

- Deus lhe abençoe, minha filha!

Aquilo foi mais que um tapa, mais que uma lição, mais que uma demonstração do quanto ele era (e é) melhor que eu. Por mais que a minha mãe gritasse (hoje também entendo seus motivos), não conseguiria me atingir daquela maneira.

Em segundos, pude compreender que eu estava errada.

Era tão claro que eu não pude admitir.

Saí do quarto, sem dizer nada, pra me trancar no meu e chorar todo o meu arrependimento em paz.

Infelizmente, eu perdi a oportunidade de dizer ao meu pai o quanto eu o amava e como ele era importante pra mim. Talvez eu não tenha sabido como dizer...

Keily Regina Soares
(texto que a minha mãe fez pro meu avô)

20 abril 2007

Oi, Arnaldo Antunes! Tudo bom?!

Saídas com amigas sempre são especiais pra mim. As minhas amigas... Eu não sei bem... Eu as amo tanto! Não sei se já aconteceu com mais alguém, mas de vez em quando eu olho pra algumas pessoas e é como se eu a amasse em cada detalhe, em cada pinta e em cada fio de cabelo. Em cada defeito também. É a melhor e mais estranha sensação que eu já senti na vida. E se isso não é amor, o que mais pode ser?

Amores à parte, terça-feira foi um dia muito especial porque eu saí com algumas das minhas amigas. A desculpa pra suprir um fim de semana de desencontros múltiplos foi o showzinho do Arnaldo Antunes de graça no Dom Pedro. Santo Dom Pedro!

Apesar de eu ter ficado super pra trás e não ter visto quase nada, eu sei que o show foi muito bacana. Eu nem conhecia muito das músicas, mas ele tem uma voz de trovão muito boa e medonha. A roupa dele dava um ar de hospício um tanto quanto aconchegante (hahaha²) . O show acabou e as pessoas começaram a ir embora, mas ninguém esperava que ele ia voltar pra um bissss :) Foi nessa hora que eu e a Marina conseguimos uma primeira fileira muito linda pra ouvir que O PULSO AINDA PULSA!!! Ai, que demais.

Inocente de mim que achei que esse seria o auge da noite. Depois de uma visita a Miss France, depois de mandar uma mensagem com o texto "cueca" pro celular da Gabi, depois de passar na Fnac e ser obrigada a ouvir mais gente ignorante que nunca ouviu falar da minha florzinha Cyz, enfim... Depois de um tempão e sem mais nada pra fazer a gente foi embora. Tinha uma fila um tanto quanto grande na saída porque uma das cancelas estava fechada e então foi que a mágica da noite aconteceu! Adivinha quem parou bem ao lado do nosso carro?


É mesmo inacreditável. Eu conversei com ele. A Marina elogiou os anéis dele. Ele perguntou se a gente tinha gostado do show! A gente conversou com ele, cara! Dá pra acreditar?!

O percursionista dele que tava na van se parecia muito com o Amarante, mas ele se chamava Marcelo (Camelo?! e era dos Winnermanos). Então, o Marcelo Amarante entrou abriu a porta da van e perguntou se podia entrar no nosso carro. A gente disse: CLAARO! suahaushuhas. Quase isso, mas ele veio.


Ele não era tão vesgo pessoalmente, ele era até bonito se não fosse essa blusa. Esse encosto de cabeça do banco do carro é exatamente onde eu estava e essa meia face da foto é a Marinatr.

A noite terminou com um "boa noite, queridas! Até a próxima!" Com aquela voz inconfundível do ARNALDO ANTUNES!

E foram quatro meninas de queixo caído.
Eu ainda nem sei se acredito ou não.

19 abril 2007

Prévia do próximo texto, gente.

Preciso contar várias coisas sobre um dia muito lindo com pessoas muito especiais, inclusive o Arnaldo Antunes e um cover do Amarante!

Esse é o Bob Marley quando tinha cabelo pequeno!

13 abril 2007

Cynthia Zamorano, assim.



"Vamos acabar com o A
De amar ou de amanhã
Você me reggae e Daz
Me dê esse D

Com D de dane-se...

Me dê esse D de dane-se
Me dê...
e dane-se.


Daz com D, daz com D

Daz com dara.
Daz com D, Daz com D

Daz com derê!"

~>Daz com D - Cyz (cd Littlefishdublongwatersamba)




Música (eletronicamente) popular brasileira.
Onomatopéicamente tum tum tum da batida da letra da música.
Música ambiente no tom naquela voz doce: putz putz la la la.
Inovação. O novo feito do velho, eu quase que não consigo explicar.
Eu gostei. Muito. São as cantigas de ninar versão 2.0, são as musiquinhas do sítio e ao mesmo tempo é a música que toca na rádio pop. Pop eletronic mpb: Cyz!

Cynthia Zamorano. Sem mais.

11 abril 2007

Onde eu deixei a minha criatividade mesmo?!

Embaixo de cada pedra que se esconde ao longo daquele canteiro enorme está uma história.

No fundo de cada coração se esconde um turbilhão de sentimentos que dariam pra escrever um livro.

Por baixo de cada cobertor empoeirado está alguma coisa bem escondida, mesmo que seja sem querer.

E com cada uma dessas cores eu poderia escrever um texto de muitas e muitas linhas.

Agora eu venho me dizer que estou sem criatividade pra escrever e a minha consciência é obrigada a retrucar malêducada:

"Ahh, me poupe, menina!"





07 abril 2007

Você podia estar comigo...


Ou você podia estar no fundo de um lago repleto de piranhas famintas no Sul da África.

Ou você podia estar sentado na sombra de uma árvore dormindo sem saber que um homem muito suspeito vigiava cada um dos seus longos roncos e passos.

Talvez você estivesse em uma das pás do segundo moinho da esquerda pra direita naquela cidade que eu não lembro o nome na Holanda e exatamente na sua frente o objeto que você mais deseja na vida, mas você não pudesse pegá-lo enquanto sua dor-de-cabeça não passasse.

Você podia estar sendo julgado pelos milhares de crimes que você não cometeu, enquanto o vilão que você mais odeia roubava sua mãe enquanto ela assistia uma novela no apartamento de Nova Ioque que você comprou .

Você podia ser acusado pelo nerd da sua sala da terceira série por bulling e passar 10 fedidos anos dividindo uma cela no topo da montanha mais alta da cidade que você mais odeia com o o vilão que roubou sua mãe.

Ou você podia estar agora ligando pra sua mãe lhe buscar porque um papai Noel descontrolado atacou você na loja de brinquedos e a sua perna direita não está mais respondendo aos comandos do seu cérebro.

Você podia estar perdido...

Você podia estar fazendo um safári...

Você podia estar doente e não saber o número do médico de cor e ter perdido seu catálogo de telefones importantes e alguém ter roubado seu livro de lugar-comum...

Ou você podia estar comigo!
É tudo questão de escolha!







(Viva o estilo Daniel Handler!)

31 março 2007

A menina e a flor

.....Encantava com as cores, entrelaçada nos tons cheirosos de rosa e verde e nem mais a luz distorcida dançando no fundo da piscina fascinava tanto quanto a alquimia do perfume embriagador que exalava a flor.
.....Seja química ou filosofia, ganhara Raquel com especial facilidade. Seria então a flor que chamara a menina a amá-la ou o coração apaixonado pelo não-vazio já tendia a buscar o espelho de sua própria pureza por entre aquelas pétalas ou outras quaisquer?
.....Raquel queria o perfume. Mal estourara o broto com a chegada da primavera e já alimentara em suas entranhas o doentio desejo pelo que antes era belo encanto.
.....E quando, enfim, chegou ao auge de seu explendor, o mais passional dos crimes, o mais infantil, inocente e desalmado, separou o delicado caule das raízes com uma tesoura sem ponta.
.....Perdeu-se então a fonte, a cor, o cheiro, perdeu-se. E a culpa de Raquel não foi maldade, bem se sabe. Ela era nova demais pra saber que o cheiro pertencia à flor e a flor ao cheiro num laço tão estreito e vulnerável que não era justo arriscar. Ela só queria a flor, mas, principalmente, era nova demais pra saber que à ela só pertenciam suas próprias cores, pensamentos, sentimentos e seu próprio cheiro.

16 março 2007

Now you're back and you'll change the world. Now you're back and I say: GO GIRL!

"Sempre que eu tenho oportunidade de fazer algum pedido, mesmo aqueles de cílios idiota, eu peço pra ser feliz... Sei lá, é mais pra isso se fixar na minha mente, não exatamente pra se realizar. Não que eu tenha me tornado a pessoas mais calma e compreensiva do mundo, mas sei lá... Não sei se é da minha cabeça... mas acho que isso quer dizer que só a vontade de ser feliz já deixa a gente mais feliz." All rights reserved

Tem gente que nasceu pra mudar a si mesmo, pra mudar os outros. Pra mudar o mundo!










14 março 2007

Eu não mudei, mas os meus cabeeeelos: quaaanta diferença!

Depois de anos planejaaaaaando, finalmente eu fui visitar um cabelereiro. Ele era ótimo, cara! Deu umas dicas muuuito 10! E parecia muito amigo. Ele fez planos pra quando o meu cabelo crescer e tudo! Muito demais! Ele é lindo, mas tem muuuito jeito de gay. Tooooda mulher precisa de um amigo gay e de um cabelo bonito!!! :)

10 março 2007

Segue o seco


Tião não tinha sobrenome, nem medo de nada. Não fugiu da seca, nem da fome, nem da sede em nenhum dos longos dias da sua sofrida vida sertaneja. Não fugiu do trabalho árduo, nem do Sol forte. Dificuldade alguma que doesse o corpo o fazia fronte. Mas o que o fez desistir da vida que levava foi quando um dia caiu doente a filha que acabara de completar sete anos, o homem carregou a pequena por bem uns nove quilômetros até o posto de saúde.

- Não tem médico, não tem remédio e a sala de espera é à direita, senhor.

Horas depois, quando conseguiram uma enfermeira, era tarde demais. E a partir desse dia, as forças não eram as mesmas. E tudo foi se tornando mais difícil como se a velhice tivesse caído de uma vez só no corpo dele.


Queria ir embora daquele lugar, cheio do cheiro da menina, cheio do jeito dela, vazio com a ausência dela. Queria deixar aquela vida difícil, principalmente, e dar uma vida decente pra sua mulher. Vendeu seu único boi e comprou uma passagem pra São Paulo.


- Não se aveche não, Cida. Que eu enrico e vorto pra buscá ocê.


Beijou-a, botou na cabeça o chapéu de palha e foi embora, sem olhar pra casinha de pau-a-pique que deixava pra trás. Não queria que a mulher visse os olhos cheios de lágrimas dele, queria que ela acreditasse que logo voltava. Levou uma trouxa com os dois únicos pares de roupa que tinha. Foi andando até o lugar combinado. O chão rachado fervia sob o Sol e ele sentia a quentura que vazava pela sola fina e gasta do sapato velho. Subiu no pau-de-arara e sentou na madeira dura.


Assim foram cinco dias e quatro noites. Toda aquela gente sentada no caminhão, e parece que todo mundo tinha o mesmo objetivo de Tião. Todos sofridos, mas cheios de esperança com a cidade. Às vezes, eles rezavam. Paravam de quando em quando pra dormir, comer e beber alguma coisa. Tião gostava mesmo era de olhar pra fora, ver os vilarejos, as luzes, as cidades, os carros... Um mundo de coisas novas! E quando pensou que já tinha visto de tudo, chegou. São Paulo! Enorme São Paulo!


Ele olhou boquiaberto para tudo. Tão alto tão simétrico e tão lindo. Achou lindo a estranheza das coisas e a rapidez das pessoas. De onde é que ele tirava beleza daquele asfalto sujo, não se sabe. É que o cheiro ruim, não parecia tão ruim assim enquanto era novidade, e talvez assim fosse com todo o resto.


Olhava pras pessoas admirado com as cores das roupas, inexplicável. Olhava muito, mas nenhuma delas o olhava de volta. Ali, ele era imperceptível. Pensou em Cida bem vestida daquele jeito e alegrou o coração.


Mas na hora de dormir teve de deitar em qualquer canto mesmo. Com o passar do tempo, o fato de ninguém o notar, foi se tornando pior. Tinha fome, sede, frio. Saudade! Não tinha nada. Foram algumas semanas de desespero, mendigagem, sem saber o que fazer. E num belo dia, sentado numa ferroviária abandonada cercada de mato de meio metro de altura, Tião viu seu destino porco, torto, doído. Viu que não tinha jeito: não havia vida no papelão, nos tijolos e tampouco no asfalto. A ausência de vida foi tomando conta dele de fora pra dentro. O único alívio que sentiu foi quando todas as dores passaram. Foi a melhor coisa que sentiu na vida, se é que ainda sentia.


A muitos quilômetros dali, Cida sentiu um arrepio. Ela nunca soube o que foi e nem sequer o porquê de Tião nunca ter voltado.

Childish



A senhorita Alice, filha do Seu Amaral, dono do armazém, me disse "olá" um dia desses. Ela virou e disse: "olá!".

Eu estava andando meio distraído pela estradinha de terra que vai pro campinho quando ouvi o sininho. Eu já conhecia aquele barulho, aquele barulho de sininho. Era de uma bicicleta de tamanho médio, cor-de-rosa, com os pneus carecas. Mas não era qualquer bicicleta! Era a bicicleta da Alice! E lá vinha ela, toda menininha, com os cabelos cor-de-laranja presos numa fita azul claro e as sardas daquele rosto lindo (tããoo lindo) bem abaixo da armação preta dos óculos de grau. Ela tinha alguns tantos graus de miopia, era o único defeito daqueles olhos verde musgo que eu nunca tive coragem de encarar direito. Eu acho que era o único defeito dela.

Pensei em ficar admirando e quando ela estivesse mais perto eu a barraria e roubaria um beijo. Um beijo lindo, daqueles de cinema, ali na bicicleta mesmo. Mas quando notei que ela se aproximava de verdade pensei em me esconder atrás da mangueira que tinha ali do lado.

Ai, mas que besteira a minha! Onde (fora dos meus sonhos, é claro) Alice haveria de me querer? Ela é um ano mais velha! São 365 dias! E as meninas da sétima preferem aqueles fortões lá da oitava B. Se eu fosse da sala dela, pelo menos, eu mentia meu nome de Alessandro e sentava do lado dela na chamada, mas não... Nem isso! Eita destino injusto tu reservou pra mim, hein? Minha vó sempre me fazia carregar esse anjinho de metal no bolso. Insitia que insistia que era meu anjo da guarda. Não que eu acreditasse, mas era bom ter alguém pra culpar quando as coisas dão errado, por isso ele nunca sai do meu bolso mesmo.

Oras, veja só como ela já estava perto!!! Já dava pra ver até o escrito do nome da escola em cima so emblema na camiseta branca! Talvez eu devesse segurar o guidão e dizer pra ela aquela frase romântica que eu decorei ontem na aula de português. Como era a frase mesmo? Ah, droga! Eu já não me lembro...

Ah, Deus! Ela já estava tão perto que eu podia até contar as sardas, se eu quisesse. Ainda bem que eu não queria.

Arrumei o cabelo do jeito que deu, endireitei as costas e puxei a alça da mochila. Olhei para o relógio para dar um ar de suuuper ocupado e quando ela passou bem do meu lado eu virei e disse: "Oi, Alice!". Ela levantou uma das sobrancelhas por alguns míseros segundos - droga, ela nem sabia que eu sabia o nome dela! - depois abriu um sorriso lindo e perfeito com aqueles dentes brancos e certinhos e disse: "olá!".

E passou...

Deixou meu coração palpitando descontrolado e seguiu seu caminho na estradinha. Nem quis ter coragem de olhar pra trás.

Esse foi, sem dúvidas, o dia mais feliz da minha vida até hoje: o dia em que Alice Amaral me disse olá.

Ela ainda não sabe, mas um dia ela vai se casar comigo.

Aliás, acabo de me lembrar! A frase da qual eu havia me esquecido era: Quando é que você vai notar que o vão que faz na sua mão é só porque você não está comigo? É de uma música do Nando Reis. Um dia desses eu digo pra ela.

Ai, Alice...

06 março 2007

Pense bem, ou não pense assim.


Meu padrasto operou, gente. Ele tá com um nariz do tamanho do braço quase. Ele manchou a almofada de sangue. E eu levei os ossos do nariz dele praa escola no meu estojo.

Provavelmente sexta e sábado serão dias perfeitos. Ai, mal posso esperar.


Eu não pude me conter ao nomear o texto, porque hoje a trilha sonora da minha vida foi Los Hermanos. Estou ouvindo muuuito! Meu Media Player agora só toca Casey Dienel (que nunca vai responder os meus comentários no blog), Alanis Morissette e Los Hermanos. Eles estão se tornando mais alguns dos meus vícios incontroláveis, sinto dizer. Aliás, sinto nada! Faz bem!

Ai, eu ando tão sorridente! :D

28 fevereiro 2007

Help city

Psicologia era um dos cursos superiores que eu tinha certeza que não era pra mim, até que agora de pouco eu me dei conta que há mais de um ano conheço a cura pras tristezas, traumas e qualquer tipo de infelicidade que seja. Eu sei bem que eu não deveria revelar meu segredo e que no futuro eu poderia ficar rica com isso. De fato, se a psicologia me interessasse ao menos um pouco, eu juro que não contaria. Como não é o caso, não hei de sentir culpa alguma em lhes confiar tudo. Só peço que não saiam por aí espalhando porque eu sou um bálsamo de ciúme. O segredo se encontra em algumas casa seguidas que dividem o mesmo quintal na Rua Barão de Ibitinga numa cidade no interior de São Paulo chamada Socorro. :)


Digamos de início que o nome da cidade é inexplicávelmente justo. Aquelas meninas, a família, as porquices, as esquisitices, as risadas... Todos os pequenos fatores resultam num clima tão aconchegante e bom que é impossível traduzir. Não dá pra explicar como é deliciosa a comida da tia Irma sem que se sinta ao menos o cheiro daquela cozinha. Não dá pra explicar a tonalidade do preto da cor da Jé sem olhar pra ela (fotos com flash não são válidas nesse caso). É impossível dizer o porquê de brigar tanto com a Lizi - sendo que eu a amo tanto - sem que se assista um dos meus tão queridos chiliques dela.

É inviável e inútil qualquer tentativa de descrever qualquer um desses socorrenses. Se houvesse uma fórmula para aquela junção tão perfeita, seria comparável a da água: apesar de não ser possível montá-la em laboratório, do jeito que está disponível na natureza é necessária para a vida. Mas seria além disso porque os elementos da água são fáceis de ser encontrados, ao contrário dessas pessoas a quem eu me refiro.

É, há pouco mais de um ano eu conheci a felicidade diferente de tudo o que é imaginável e eu ainda agradeço por isso (e pretendo agradecer pra sempre). Quando eu falo sobre a tal Socorro e alguém me pergunta onde é isso ou até mesmo o que é isso, nesses momentos eu entendo porque ainda existem pessoas infelizes nesse mundo.

Obrigada aos deuses por aquele lindo carnaval de 2006, por cada minuto junto com eles e por mais esse carnaval perfeito e mais essa campino-socorrense. Parece que o que era perfeito sempre arruma um jeito de se aprimorar.

Lizi, Jé, Lari, Lê, Zé, Jú, Má e toda a cidade de Socorro!
AMO MUITO TUDO ISSO.

26 fevereiro 2007

Et maintenant?


Deixa eu começar reclamando então, já que isso eu sei fazer bem: Existem duas coisas que eu odeio demais em você: a primeira e mais alarmante é a sua namorada, a menina é terrivelmente insuportável, vamos combinar. E a segunda é o jeito com que você cobra as coisas que eu não tenho obrigação alguma de lhe dar. Já faz tempo que a gente terminou, portanto: eu não sou obrigada a escrever nenhum texto, mandar nenhum beijo, lhe chamar pra lugar algum e nem nada. Entenda.

Agora, o estranho é que mesmo assim eu faço, não é? Não por suas cobranças desnecessárias, mas eu continuo fazendo o que você quer sempre. Eu me importo com você e não tem jeito. Me importo do meu jeito, admito. Talvez imcompreensível, quem sabe. Eu juro que já tentei mudar, mas num deu não.

Eu não consigo esquecer das nossas conversar religiosas pelo msn :9 e eu não consigo evitar de lembrar de você e das merdas que eu fiz com a gente todas as vezes que escuto na sua estante - e olha que tá tocando o tempo todo.

Eu não vou dizer que ainda lhe amo porque isso é forte demais. Ainda mais sabendo que você esta indo embora e olhando o seu nick cheio de corações vermelho fortíssimo com o nome dela.

Lembra que eu lhe mandei you oughta know da Alanis? Era sim exatamente o que eu estava sentindo, mas é óbvio que eu não estava disposta a admitir isso naquele momento. Pronto, admiti.

O que eu posso dizer pra você agora é que eu gostei tanto, mas tanto de você que eu nunca vou conseguir lhe esquecer, mesmo que eu tente. E não estou tentando. :D

Eu ainda não estou exatamente triste por você estar indo embora. Não vai me afetar diretamente de primeira já que a gente nunca se vê, não é?

Eu só precisava dizer que você não precisa cobrar not even once e que você pode ir sossegado pra qualquer canto do mundo porque todos os dias você estará comigo de alguma maneira e quando você voltar, vai parecer que nenhum tempo passou.

Hey, ao menos mande notícias. :)

22 fevereiro 2007

Cantiga pros dias felizes


Talvez eu nem quisesse saber, mas Marta certamente queria. E insistia que eu contasse.
- Oras, Marta! - eu disse, depois de aturá-la por horas. - Pra que saber?
- Continuar na ignorância? É o que tu realmente desejas pra mim?
- Não, meu bem. Desejo que não sofras. Não hão de ser minhas palavras que arrancarão de teus olhinhos lágrimas, nunca.
- Se me amas, me diz. Conta-me o que há de ser que fará doer esse meu insensível coração.
- Insensível? Não me diga bobagens, Marta. Só tu sabes o quanto boa és nessas coisas de amor.
- Nada sei! Pois olhe que frase boa de dizer agora: NADA SEI! Conta. Por favor, pelo amor que tu tens por mim.
- Eis onde se encontra teu erro, minha querida. Só por amar-te não hei de dizer. Não há nada que tu faças que me convença. Não insista, por teu próprio bem.
- Como vou saber que é pro meu bem?
- Tens que confiar em mim, não confia?
- Confio, mas temo. Temo como por instinto natural, mas confio mesmo assim.
- Então esquece disso, minha filha. Deita e dorme que vai fazer bem pra ti. Tenta não pensar nisso. Uma hora ou outra eu te conto, quando já não for tão ruim.
- Promete?
- Prometo.
- Tá bom. Amo-te.
- Eu também, meu bem. Bem mais do que tu podes imaginar.
Marta deu um sorriso gostoso e se cobriu confortavelmente com as cobertas macias e cheirosas. Ali, eu tinha certeza do quão protegida ela estava de tudo. Era isso que eu queria. Só.





Boa noite.


*imagens de kurt Halsey

15 fevereiro 2007

Teatro

Camila entra no quarto, Gabi está lendo:
- A gente precisa conversar. - diz Camila impacientemente.
- Sobre o quê? - responde Gabriela, sem se importar.
- Sobre a gente, você sabe... Tudo. Eu não agüento mais.
- Pra que levar isso tão a sério? A gente foi uma brincadeira! Eu tenho um status pra zelar. Você realmente acha que essa nossa história vai pra frente? O meu marido me mataria se soubesse!
Camila se afasta, sem saber se era ódio ou tristeza que sentia. Ela se apoia na mesa, sem saber o que fazer.
- Você não pode fazer isso comigo... Você disse que me amava.
- Posso sim, você sabe que eu posso. O João deve estar chegando, você tem que ir.
Enquanto as lágrimas rolam de seu rosto, antes feliz, Camila observa o café da manhã, ainda sobre a mesa.
- Eu não mereço isso, Gabriela. Não mesmo.
Camila segura a faca do queijo. Afiada... Com o estômago revirando, nem de ansiedade, nem de comer demais, outra coisa a atormentava.
- Você sabe que eu nunca gostei tanto de você quanto você de mim. - explica Gabriela, sem escolher palavras.
Camila se vira com a faca em mãos.
- Você não pode fazer isso comigo. E tudo mais?
- O que é isso? O que você vai fazer? Enlouqueceu? - Gabriela começa a ficar nervosa ao ver Camila discutindo com a faca. - Se você chegar perto, eu vou gritar!!!
- Grita! -diz Camila, saindo de si de uma vez por todas - Se você não for minha, também não será de mais ninguém!
- AHHH!
Já era tarde, amor doentio. Amor. Com ou sem pontos. Incompreendido demais. Estranho demais. Até as últimas gotas de sangue escorridas nas luvas. Até as últimas circunstâncias e conseqüencias. De um só lado, sem amor. Sem nada.
Enquanto não sabia o que fazer, o que tinha feito, a mais nova assassina bola um plano pro crime perfeito em sua cabecinha.
- Eu amo você demais, é melhor assim. - termina Camila deixando a sua por tanto amada agonizando no próprio quarto.





Essa é a ultima cena do melhor teatro que a gente fez no ano passado. Foi demais, cara. E pra ajudar eu tirei MB! Esse ano não vai ter artes e eu vou sentir falta dessas criatividades aqui, por isso que eu resolvi postar! :)

O começo do teatro era ela morrendo, e o tempo todo a gente tentava descobrir quem foi. Desconfiavam de todos, menos de mim! Muahahahahah! Então, a gente fez um mini flash back na última cena que foi demais de interpretar, mano. Muito bom!

Quasares

Os brasileiros costumam achar que a China é longe. Isso é porque a maioria nunca ouviu falar sobre os quasares. Nos confins do Universo, passando pela Lua, depois o Sol, muito depois de Plutão, perdidos onde nem o ar consegue chegar, encontram-se os extremamente luminosos quasares.

Devido à distância assustadora, é praticamente impossível para uma sociedade que só conseguiu chegar à Lua (que se encontra a 1,3 segundo luz da Terra), pensar em pesquisar um objeto estelar que está de 10 a 20 bilhões de anos luz do nosso planeta. Tirando o melhor dos melhores satélites que temos atualmente, todo o conhecimento que obtivemos não passam de teorias sobre os maravilhosos corpos celestes. Acredita-se que são reações dos enormes buracos negros que absorvem poeira e gás e acabam por liberar grande quantidade de energia, o que resultaria nos núcleos galácticos denominados quasares (abreviatura de Quasi stelars, do latim quase estelares).

No ano de 1964, Edwin Ernest Salpeter e Yakov Borisovich Zel'dovich lançaram a teoria de que os quasares, que são semelhantes às estrelas na aparência, tem a estrutura mais parecida com as galáxias, e poderiam ser até as próprias galáxias ativas. Já foram encontrados longe delas, o que só confirma a teoria de que os dois não são obrigatoriamente dependentes. Uma característica interessante é que eles podem emitir ondas de rádio, além disso, são os faróis do Universo (comparáveis aos brilhantes e visíveis faróis marítimos para os olhos nus) e os maiores corpos celestes já catalogados. Tais fatos juntos indicam que eles liberam partículas de altíssima energia, o que possibilita sua visualização através de equipamentos astronômicos.

A falta de conhecimento dos quasares os torna mais fascinantes, na completa escuridão de uma viagem estelar, surgem os tão brilhantes quanto assustadores corpos imensos para iluminar a ausência de vida. Quem sabe um dia, mais esse mistério do Universo será desvendado.


11 fevereiro 2007

Gaby com y

Eu nunca gostei das coisas certinhas mesmo. E no fundo, deve ser por isso que eu gosto tanto assim de você. Eu prefiro as coisas inexplicáveis e até mesmo difíceis. E eu sempre gostei de me preocupar com amizades intensamente, porque pra mim elas são extremamente importantes, ou talvez até mais.

Tudo é únicoe você é tanto que eu não vou me deixar ver você passar pela minha vida sem se tornar inesquecível, como eu acredito que você mereça. De uma forma ou de outra, você já é inesquecível mesmo. Eu ainda não sei se você precisa de mim pra lhe ensinar o que você ainda não entendeu e ninguém lhe explicou direito ou se isso é só uma desculpa que eu arrumei pra tentar balancear a forma incoerente com que eu me sinto dependente da sua amizade. Você consegue me afetar de um jeito diferente de tudo o que eu conheço, até quando é sem querer.

A sua distância faz com que o entrarnoseumundo seja fascinante. E a sua timidez excêntrica dá ainda mais vontade de conhecer você melhor.

Eu me permito desperdiçar horas pensando em inúmeros desfechos, palavras e mudanças pra nós duas e a falta de soluções me encanta de uma forma indescritível. Daí, muitas vezes eu sinto uma necessidade de extravasar todos esses pequenos detalhes que eu vou guardando pra mim. Eu já tentei dizer pra muita gente, alguns até tentaram entender mas eu sei que não é fácil. O que eu realmente queria era dizer tudo isso pra você e é isso que eu tento fazer o tempo todo, principalmente agora.

Talvez você nunca se importe, talvez você nunca leia nada disso, mas enquanto existir uma porcentagem de chance de as minhas esperanças não serem frustradas, eu não desistirei de você. E chances, sempre existem!

Todas as vezes que eu digo o quanto você é chata e horrível, na verdade eu só estou tentando expor pra você o quanto eu sou apaixonada pela sua imperfeição. Espero que um dia você entenda.

Você entrou na minha vida pra traçar linhas tortas quando o caminho reto se tornou entediante. Você entrou na minha vida pra mudar as coisas e me mostrar que o meu certo não era tão certo assim. E eu não vou mais tentar consertar o que já está certo. Pra mim, você é perfeita! E depois de tanta coisa, tudo o que eu posso dizer é obrigada, amiga. Eu amo você.

Depois me perguntam porque é que eu amo você!

Certas mensagens merecem ficar na caixa de entrada pelo resto da vida, independentemente do que aconteça!

"Mal a hora que tô mandando mensagem, mas deu vontade! Pra dizer que te adoro e você é a amiga mais perfeita que eu já tive! Até segunda... Te amo! xD
De: Gaby monga
12:47am 14/5/06"

E de vez em quando, um comentário faz com que eu sinta vontade de escrever pra sempre.

"Gabriela disse...

Não sei se você vai ler esse comentário, o que importa é que eu tô tentando (pela primeira vez talvez) mostrar o q eu senti! Você é foda... você pode não acreditar mas eu sempre adimirei esse seu jeito de dizer tudo na cara... de não ter vergonha... sei que parece ridículo mas às vezes eu não te abraço forte por causa de vergonha!! (absurdo não?) Desculpa de verdade... mas é que eu sou assim e acho difícil mudar, não que eu nunca tenha tentado. Mas tem o lado bom de tudo isso: você me abraça! E é isso que importa. Imagina se ninguém fizesse nada! Não tente me entender, apenas seja quem você é... de verdade. Se eu for muito idiota me fala, mesmo que eu te bata ou nunca mais olhe na sua cara... pode falar sim... eu mereço.
Apenas seja você mesma... okay?

Te amo!! Sempre...
Beijos!!"


Eu é que te amo sempre, minha loira.



01 fevereiro 2007

Sarah Jones


Sarah Jones nasceu numa cidade do interior. Tão pequena que eu nem consigo lembrar o nome, mas eu acho que ouvi uma vez. Ela trabalhou por anos como garçonete em uma cafeteria, mas os sonhos dela iam muito além disso. Então, ela se mudou pra Nova Iorque. Conheceu um bonito e excêntrico homem chamado Tod Franklen. Logo soube que ele era um exímio pianista. E ele também logo soube dos talentos vocais da senhorita, os quais ele considera tão bons quanto a própria boca da cantora. Não demorou mais de um mês pros dois estarem juntos em algum showzinho por aí, por acá...

Eles se casaram, claro. Ela ama os dedos tortos de pianista dele e ele ama vê-la sentada no piano cantando de olhos fechados.

Com o tempo, foram ganhando fama. Por merecido trabalho, diga-se de passagem.
Hoje eles têm a agenda cheia sempre! E Tod, ele olha pra ela cantando enquanto espera ansiosamente pelo fim de cada apresentação pra ir pra casa logo. Às vezes ele erra algumas notas porque ele só consegue prestar atenção em sua belíssima esposa.

Mas quando ele erra, praticamente ninguém percebe, afinal todos estão olhando pra ela também.

http://waltzz.deviantart.com/

30 janeiro 2007

Romaces? O quê?


A audiência do Jornal da Globo deve ser beem maior nas épocas em que passam boas coisas em seguida. Eu, por exemplo, assisto agora uma matéria sobre a dengue enquanto espero pelo primeiro dia da última semana do 24 horas. É claro que eu não me interesso muito pela dengue no momento, apesar de eu saber que estou dividindo o quarto com um irritante pernilongo.

Mas agora eu quero falar sobre anteontem. Ou melhor, começando pelo começo eu devo falar sobre algumas semanas atrás. Sobre o Zé, primo da minha melhor amiga Marina. O Zé toca violão, joga bola e é o exemplo de netinho da vovó. Todo fofo, engraçado e bonitinho. É claro que eu aaaaaamo isso. Ele mora em Socorro, mas ele e as outras primas vieram pra Campinas por causa do aniversário da Marina. Eu seeeeeempre tive uma quedinha pela vossa santidade do José Luís. Como a gente se vê pouco, na maioria do tempo eu esqueço, mas quando ele está por perto eu lembro. E, ah... Como! E no dia nove de Janeiro de 2007 foi o auge soa nossos namorozinhos infantis. Eu (finalmente) fiquei com ele. Foi ótimo, claro. Exemplo de casalzinho comportado, como já era de se esperar. Eu fiquei apaixonadamente saltitante por umas duas semanas ainda, apesar de ele ter voltado pra Socorro no dia 10.

Acontece que anteontem, eu experimentei uma sensação diferente das recentes, que eu quase nem lembrava como era. Eu, a Má (prima do Zé) e a Gabi fomos pro aniversário de uma outra Marina amiga nossa num barzinho de Barão Geraldo, Rudá.

Quando o irmão da aniversáriante me disse oi, foi um oi diferente dos que ele sempre me dava. Eu achava ele bonitinho, mas nunca jamais tinha torcado mais de duas palavras com o sujeito. Já tinha ouvido falar através da Marina e tinha ouvido falar também da namorada dele. Por isso, mesmo depois daquele 'oi' eu tentei pensar: "ah, não. Ele está bêbado".

Eu, com o meu salto fino com o qual eu não estou nem um pouco acostumada, aceitei o primeiro convite pra me sentar. E qual não foi a minha surpresa (e a de todo mundo) quando ele se sentou ao meu lado. Não só sentou, como falou coisas, tentou coisas. Mulheres gostam de ouvir elogios e digamos que o jeito com que ele colocava o rosto no meio do meu cabelo pra falar no meu ouvido era, no mínimo, sedutor. Ele sabia meu nome, minha idade e um monte de coisas e eu não sabia nada dele além de que ele era o irmão mais novo da Marina. Perguntei sobre a namorada dele e ele me contou que eles tinham brigado. Ahm...

Aproveitei um minuto que ele foi falar com os amigos pra expressar a minha surpresa e perguntar o nome dele pra Gabi. Rafael. É um lindo nome, mas eu não sei porque eu tinha pensado que era Thiago.

Quando ele voltou, trouxe uns amigos. Todos chatos e sem graça. Aliás, engraçados às vezes, mas um pé na maioria do tempo.

Eu lamentei não ter conversado mais com a Gabi (de quem eu estava moreeeeeeeeeeeeendo de saudade) e ter disperdiçado um bom tempo com aqueles panacas. Mas eu não posso negar que toda aquela atitude me abalou. Fez-me sentir falta, não sei. Eu sei que não é certo, mas estou certa de que foi inevitável.

Quando abri o meu orkut ontem à tarde meu novo contato era Rafael Teixeira. Ele está lindíssimo na foto do profile, e ela também. É, a namorada dele... Com a qual ele não terminou. Ela está no álbum também! Linda.

A primeira palavra que digitei pra ele no msn foi: 'mentiroso!". Ele se explicou meio lá da cá, sem desculpas boas. E isso é claro, não muda o fato de eu ter me sentido uma total idiota.

De qualquer maneira, foi ótimo eu ter resistido ás tentações e não tê-lo beijado. E foi ótimo também isso ter acontecido, pra eu prestar mais atenção no que eu realmente quero.

A verdade é que ao molde de qualquer romântica que se preze (que sorri e encolhe os ombros quando o Jack Bauer dá um beijinho no joelho da Audrey Raines) eu sempre tenho esperanças de do nada surgir uma estória linda e apaixonante dos cantos menos esperados.

Essa é só mais uma estorinha que se dissolve com o tempo, sem finais felizes nem nada. Mas o meu inabalável espírito de Amelie Poulain sempre me faz ver cada detalhe como um romance, não tem jeito.

Um dia, os meus romances vão sair desse portunhol enrolado, e ser narrados em francês.














O caso é que sempre há tempo pra esperar o dia em que alcançaremos o pote em baixo do arco-íris. ;D