31 março 2007

A menina e a flor

.....Encantava com as cores, entrelaçada nos tons cheirosos de rosa e verde e nem mais a luz distorcida dançando no fundo da piscina fascinava tanto quanto a alquimia do perfume embriagador que exalava a flor.
.....Seja química ou filosofia, ganhara Raquel com especial facilidade. Seria então a flor que chamara a menina a amá-la ou o coração apaixonado pelo não-vazio já tendia a buscar o espelho de sua própria pureza por entre aquelas pétalas ou outras quaisquer?
.....Raquel queria o perfume. Mal estourara o broto com a chegada da primavera e já alimentara em suas entranhas o doentio desejo pelo que antes era belo encanto.
.....E quando, enfim, chegou ao auge de seu explendor, o mais passional dos crimes, o mais infantil, inocente e desalmado, separou o delicado caule das raízes com uma tesoura sem ponta.
.....Perdeu-se então a fonte, a cor, o cheiro, perdeu-se. E a culpa de Raquel não foi maldade, bem se sabe. Ela era nova demais pra saber que o cheiro pertencia à flor e a flor ao cheiro num laço tão estreito e vulnerável que não era justo arriscar. Ela só queria a flor, mas, principalmente, era nova demais pra saber que à ela só pertenciam suas próprias cores, pensamentos, sentimentos e seu próprio cheiro.

16 março 2007

Now you're back and you'll change the world. Now you're back and I say: GO GIRL!

"Sempre que eu tenho oportunidade de fazer algum pedido, mesmo aqueles de cílios idiota, eu peço pra ser feliz... Sei lá, é mais pra isso se fixar na minha mente, não exatamente pra se realizar. Não que eu tenha me tornado a pessoas mais calma e compreensiva do mundo, mas sei lá... Não sei se é da minha cabeça... mas acho que isso quer dizer que só a vontade de ser feliz já deixa a gente mais feliz." All rights reserved

Tem gente que nasceu pra mudar a si mesmo, pra mudar os outros. Pra mudar o mundo!










14 março 2007

Eu não mudei, mas os meus cabeeeelos: quaaanta diferença!

Depois de anos planejaaaaaando, finalmente eu fui visitar um cabelereiro. Ele era ótimo, cara! Deu umas dicas muuuito 10! E parecia muito amigo. Ele fez planos pra quando o meu cabelo crescer e tudo! Muito demais! Ele é lindo, mas tem muuuito jeito de gay. Tooooda mulher precisa de um amigo gay e de um cabelo bonito!!! :)

10 março 2007

Segue o seco


Tião não tinha sobrenome, nem medo de nada. Não fugiu da seca, nem da fome, nem da sede em nenhum dos longos dias da sua sofrida vida sertaneja. Não fugiu do trabalho árduo, nem do Sol forte. Dificuldade alguma que doesse o corpo o fazia fronte. Mas o que o fez desistir da vida que levava foi quando um dia caiu doente a filha que acabara de completar sete anos, o homem carregou a pequena por bem uns nove quilômetros até o posto de saúde.

- Não tem médico, não tem remédio e a sala de espera é à direita, senhor.

Horas depois, quando conseguiram uma enfermeira, era tarde demais. E a partir desse dia, as forças não eram as mesmas. E tudo foi se tornando mais difícil como se a velhice tivesse caído de uma vez só no corpo dele.


Queria ir embora daquele lugar, cheio do cheiro da menina, cheio do jeito dela, vazio com a ausência dela. Queria deixar aquela vida difícil, principalmente, e dar uma vida decente pra sua mulher. Vendeu seu único boi e comprou uma passagem pra São Paulo.


- Não se aveche não, Cida. Que eu enrico e vorto pra buscá ocê.


Beijou-a, botou na cabeça o chapéu de palha e foi embora, sem olhar pra casinha de pau-a-pique que deixava pra trás. Não queria que a mulher visse os olhos cheios de lágrimas dele, queria que ela acreditasse que logo voltava. Levou uma trouxa com os dois únicos pares de roupa que tinha. Foi andando até o lugar combinado. O chão rachado fervia sob o Sol e ele sentia a quentura que vazava pela sola fina e gasta do sapato velho. Subiu no pau-de-arara e sentou na madeira dura.


Assim foram cinco dias e quatro noites. Toda aquela gente sentada no caminhão, e parece que todo mundo tinha o mesmo objetivo de Tião. Todos sofridos, mas cheios de esperança com a cidade. Às vezes, eles rezavam. Paravam de quando em quando pra dormir, comer e beber alguma coisa. Tião gostava mesmo era de olhar pra fora, ver os vilarejos, as luzes, as cidades, os carros... Um mundo de coisas novas! E quando pensou que já tinha visto de tudo, chegou. São Paulo! Enorme São Paulo!


Ele olhou boquiaberto para tudo. Tão alto tão simétrico e tão lindo. Achou lindo a estranheza das coisas e a rapidez das pessoas. De onde é que ele tirava beleza daquele asfalto sujo, não se sabe. É que o cheiro ruim, não parecia tão ruim assim enquanto era novidade, e talvez assim fosse com todo o resto.


Olhava pras pessoas admirado com as cores das roupas, inexplicável. Olhava muito, mas nenhuma delas o olhava de volta. Ali, ele era imperceptível. Pensou em Cida bem vestida daquele jeito e alegrou o coração.


Mas na hora de dormir teve de deitar em qualquer canto mesmo. Com o passar do tempo, o fato de ninguém o notar, foi se tornando pior. Tinha fome, sede, frio. Saudade! Não tinha nada. Foram algumas semanas de desespero, mendigagem, sem saber o que fazer. E num belo dia, sentado numa ferroviária abandonada cercada de mato de meio metro de altura, Tião viu seu destino porco, torto, doído. Viu que não tinha jeito: não havia vida no papelão, nos tijolos e tampouco no asfalto. A ausência de vida foi tomando conta dele de fora pra dentro. O único alívio que sentiu foi quando todas as dores passaram. Foi a melhor coisa que sentiu na vida, se é que ainda sentia.


A muitos quilômetros dali, Cida sentiu um arrepio. Ela nunca soube o que foi e nem sequer o porquê de Tião nunca ter voltado.

Childish



A senhorita Alice, filha do Seu Amaral, dono do armazém, me disse "olá" um dia desses. Ela virou e disse: "olá!".

Eu estava andando meio distraído pela estradinha de terra que vai pro campinho quando ouvi o sininho. Eu já conhecia aquele barulho, aquele barulho de sininho. Era de uma bicicleta de tamanho médio, cor-de-rosa, com os pneus carecas. Mas não era qualquer bicicleta! Era a bicicleta da Alice! E lá vinha ela, toda menininha, com os cabelos cor-de-laranja presos numa fita azul claro e as sardas daquele rosto lindo (tããoo lindo) bem abaixo da armação preta dos óculos de grau. Ela tinha alguns tantos graus de miopia, era o único defeito daqueles olhos verde musgo que eu nunca tive coragem de encarar direito. Eu acho que era o único defeito dela.

Pensei em ficar admirando e quando ela estivesse mais perto eu a barraria e roubaria um beijo. Um beijo lindo, daqueles de cinema, ali na bicicleta mesmo. Mas quando notei que ela se aproximava de verdade pensei em me esconder atrás da mangueira que tinha ali do lado.

Ai, mas que besteira a minha! Onde (fora dos meus sonhos, é claro) Alice haveria de me querer? Ela é um ano mais velha! São 365 dias! E as meninas da sétima preferem aqueles fortões lá da oitava B. Se eu fosse da sala dela, pelo menos, eu mentia meu nome de Alessandro e sentava do lado dela na chamada, mas não... Nem isso! Eita destino injusto tu reservou pra mim, hein? Minha vó sempre me fazia carregar esse anjinho de metal no bolso. Insitia que insistia que era meu anjo da guarda. Não que eu acreditasse, mas era bom ter alguém pra culpar quando as coisas dão errado, por isso ele nunca sai do meu bolso mesmo.

Oras, veja só como ela já estava perto!!! Já dava pra ver até o escrito do nome da escola em cima so emblema na camiseta branca! Talvez eu devesse segurar o guidão e dizer pra ela aquela frase romântica que eu decorei ontem na aula de português. Como era a frase mesmo? Ah, droga! Eu já não me lembro...

Ah, Deus! Ela já estava tão perto que eu podia até contar as sardas, se eu quisesse. Ainda bem que eu não queria.

Arrumei o cabelo do jeito que deu, endireitei as costas e puxei a alça da mochila. Olhei para o relógio para dar um ar de suuuper ocupado e quando ela passou bem do meu lado eu virei e disse: "Oi, Alice!". Ela levantou uma das sobrancelhas por alguns míseros segundos - droga, ela nem sabia que eu sabia o nome dela! - depois abriu um sorriso lindo e perfeito com aqueles dentes brancos e certinhos e disse: "olá!".

E passou...

Deixou meu coração palpitando descontrolado e seguiu seu caminho na estradinha. Nem quis ter coragem de olhar pra trás.

Esse foi, sem dúvidas, o dia mais feliz da minha vida até hoje: o dia em que Alice Amaral me disse olá.

Ela ainda não sabe, mas um dia ela vai se casar comigo.

Aliás, acabo de me lembrar! A frase da qual eu havia me esquecido era: Quando é que você vai notar que o vão que faz na sua mão é só porque você não está comigo? É de uma música do Nando Reis. Um dia desses eu digo pra ela.

Ai, Alice...

06 março 2007

Pense bem, ou não pense assim.


Meu padrasto operou, gente. Ele tá com um nariz do tamanho do braço quase. Ele manchou a almofada de sangue. E eu levei os ossos do nariz dele praa escola no meu estojo.

Provavelmente sexta e sábado serão dias perfeitos. Ai, mal posso esperar.


Eu não pude me conter ao nomear o texto, porque hoje a trilha sonora da minha vida foi Los Hermanos. Estou ouvindo muuuito! Meu Media Player agora só toca Casey Dienel (que nunca vai responder os meus comentários no blog), Alanis Morissette e Los Hermanos. Eles estão se tornando mais alguns dos meus vícios incontroláveis, sinto dizer. Aliás, sinto nada! Faz bem!

Ai, eu ando tão sorridente! :D