15 dezembro 2007

De onde vem a inspiração?

Deitou-se no chão cansada, sentindo o peso dos ossos amarrando-a ao chão, atada à Terra num laço invisível e insuperável, como se sua liberdade, por mais que o sangue que corresse as veias a clamasse, nunca pudesse deixar de ser limitada. Faziam cócegas as formigas que lhe escalavam o corpo e as folhas dançavam, mudas, sua ritmada coreografia, não que fosse bela. Certas vezes, as folhas tentavam dizer pelo vento que lhes percorria, atrevido, o quanto queria dizer e não podiam. Mas a realização concreta da matéria de suas almas, a fria, crua, indigerível e verde clorofila não estava pronta para deixá-las dizer: recebia o Sol e todos os seus raios, mas o som... Ah, o som... Era demais pra elas.


Ainda deitada no chão, perdida se encontrando em seus devaneios, a menina sentiu então que a inspiração era para ela um tapa: batia forte, inesperada, lhe doía o corpo, as entranhas, ansiosa. E resposta era pois escolha, ou sentava-se e esperava passar, ou explodia. No fim, ficavam as marcas, mais fortes ou mais fracas, coisa de intensidade. Ou, por vezes, não ficava nada, simplesmente.

Um comentário:

Maria disse...

Você falava tanto em liberdade... tudo bem, isso é comum aos 16 anos.
E em todas as outras idades na verdade.