14 dezembro 2008

Amor desprovido de hipérboles

Confesso estar um pouco enferrujada, portanto tentem me perdoar por quaisquer obviedades e vírgulas inapropriadas.

• Ao som de Rachael Yamagata - Even so

[ I
love you like a brother and a friend / I love you with my whole heart until it bends / I love you like a lover until the very end ]

Faz-me sofrer sua falta todas as manhãs. E pensar nos dias futuros em que as manhãs serão preenchidas com nossos fartos cafés, leites, frutas, sorrisos e beijos. Não tenho certeza se eu nunca havia reparado antes em como o seu beijo é macio, quente e intenso, ou se ele se tornou assim com os dias que estamos vivendo agora, mas tenho certeza que estremeço com eles hoje. Tenho certeza que encontro abrigo pros meus sentidos no seu cheiro, nos alaranjados desiguais da sua barba e do seu cabelo, na sua voz, nos calos das suas mãos. Você me faz rir com as suas piadas fora de hora, você me faz rir de um jeito que é seu, é o seu riso, em mim. Faz-me sentir sentimentos inexplicáveis e indistinguíveis. É impossível pras minhas conclusões tão primárias traçar linhas onde começam e terminam o que sinto por você - são simplesmente uma euforia contínua e cheia de significado. Suas declarações nos momentos mais inapropriados, divertidos e com um tom de sempre perfeitos e escolhidos me deixam completamente sem ação.

Eu poderia observar você por horas a fio, sem me cansar. Olhar o jeito como você se move, os detalhes dos seus olhos azuis, que vão ficando verdes. É amor simplesmente porque só pode ser. São momentos, frases bonitas, olhares, toques, beijos, carinhos e cafunés espalhados num mundo comum e é um sentimento tão desigual que assusta poder ser recíproco.

Hoje a tarde, os galhos compridos daquela árvore tão comum na rua ficaram tão lindos com você... As sementinhas redondas e perfeitas enfeitariam com perfeição e seria uma cena e tanto. se pudesse ser um filme. Eu realmente ouvi os vários instrumentos daquela música do Beirut tocando e tudo parecia muito colorido e dentro do roteiro, apesar de improvisado em cada detalhe sórdido.

Eu amo você com as palavras mais profundas que eu puder pensar, com o corpo inteiro, o tempo todo, de todos os jeitos, com todas as formas e cores possíveis. Eu não sei ser mais nada e não sou boa em disfarçar. Eu realmente amo você.

Que comecem as estações, que comece a girar o mundo mais rápido - não me importo. Ao seu lado, o mundo é lindo e é meu.
E é só nosso.

13 dezembro 2008

Uma dúzia de prosas poéticas

Para mim, tudo é poesia. Ela surge como um sopro quando o vento assobia em meus ouvidos e tem forma de luz quando o Sol, ou mesmo a Lua, clareia meus caminhos tortos. As cores sujas de terras e natureza ou mesmo o contrastante azul do céu com a copa verdiinha das árvores. Pra mim, é poesia quando ele me diz que me ama, quando ele me beija de leve. Pura e destilada poesia, que me deixa bêbada entrelaçada em suas palavras sórdidas e acentuadas. Esconder-se do mundo é poesia, mostrar-se é poesia. Ela está nas cordas do violão e no vão das teclas do piano. Minha poesia se esconde por entre as cobertas quentinhas, debaixo do travesseiro, em longas narrações atrás dos porta-retratos. Minha poesia se expressa no amargo-doce do meu café com leite quente e sai pelos fones de ouvido do meu celular. Ela acha que se esconde atrás de vidros, tola, não sabe que são transparentes. Acha, também, que pode se esconder atrás das árvores, novamente tão tola, pois ela é muito maior e sempre aparece uns pedaços aqui e acolá. Vejo poesia em tudo o que é arte, considero artes em tudo, e as chamo de poesia.

Deixa a luz do céu entrar

Essencialmente escrevo. Procuro palavras bonitas e as junto tentando achar um sentido óbvio e, também, belo. Divido-me entre contos e poesias, personagens, escolhendo com cuidado o cenário, a cor dos cabelos e dos olhos, os nomes. Apaixono-me facilmente por figuras de linguagem e palavras fortes. Proibo-me de deixar de lado meu gosto. Proibo-me de parar.
Essencialmente escrevo.

02 dezembro 2008

Is this the end?


Não era a toa que eras conselheiro
Porque, meu querido Antônio Prado,
Não vejo no mundo melhor cargo
Que à seus fiéis discipulos dar conselhos.

Sentados na grama de uma quase floresta
aprendendo sobre a vida e vendo a hora voar
Vemos que agora pouco tempo aqui nos resta
E nossa história está escrita dentro desse lugar

Me diz onde mais a gente aprende a viver
Me diz que escola ensina um estudante
a ser a pessoa que ele quer ser
E não apenas decorar os livros daquela velha estante

Não me deixe esquecer as cores das paredes
como eram antes de pintar
e aqueles azulejos terríveis
espero que eles nunca queiram trocar

Cortaram o seu cabelo? É a nossa história! É tradição!
Entra um bixo burro e saí daqui um cidadão
O tempo é curto demais mas o espaço não
E a gente aprende intensamente a seguir o coração

Senhor Antônio Prado me dê um conselho,
Quando meus pés seguirem um caminho pra longe de ti
O que eu faço com a saudade que sei que vou sentir?
Como eu faço pra voltar se eu não agüentar sair daqui?

01 dezembro 2008