27 janeiro 2009

Ela gosta dos títulos

Eu tenho uma queda por pessoas. Pessoas diferentes, que vêm com um pacote próprio de problemas, dúvidas, piadas e milhões de experiências diversas para compartilhar. Que sejam humanas o bastante pra terem muitos defeitos, muitas qualidades, muitos conselhos e muito papo pra jogar fora.

Hoje, eu poderia comentar sobre os problemas do mundo, criticar a corrupção ou a reeleição do Lula. Eu poderia defender a língua portuguesa tradicional ou as provas dissertativas da Unicamp. Eu poderia falar sobre coisas que me aconteceram ou inventar detalhes pra uma narração qualquer. Eu poderia até mesmo postar o fim de uma narração que eu passei dias fazendo. Mas não, eu não tenho vontade alguma de escrever sobre nenhuma dessas coisas. Talvez eu não seja um pessoa séria o bastante para dissertar. Sobre o resto, não sei dizer.

Na verdade, há dois dias eu clico em Nova Postagem, escrevo algumas palavras, depois as apago e saio, sem nem mesmo deixá-las no rascunho. É que o assunto sobre o qual eu quero falar, nem sequer chega a ser um assunto quase, de tão pouco. Em fatos, não é praticamente nada. Mas eu não me importo com fatos. É tudo culpa do meu signo. Durante essas férias entediantes o que me encanta, pra variar, é o incerto, uma dúvida engraçada, um futuro próximo cheio de interrogações e o que sei delas é que elas são lindas e roxas.


Era uma menina comum, e ela estava por aí até um tanto por acaso, os nossos amigos em comum poderiam ter deixado isso de lado, afinal, nós poderíamos simplesmente dizer oi quando fosse preciso e seria o bastante. Mas não sei de onde surgiram os assuntos, de onde surgiu a vontade, de onde surgiu a confiança. Quando eu vi, simplesmente estavam todos ali, dispostos na minha frente. Naquela tela com uma foto quadrada de uma menina com uma panela na cabeça, eu digitando pra ela sobre os meus problemas mais secretos e conversando abertamente sobre as verdades mais engraçadas que pudemos nos lembrar. Falando assim, nem me parece sensato. A gente não deve confiar logo em pessoas com panelas na cabeça.

O mais estranho de tudo é que quando eu peguei um lápis e um papel, eu nem lembro quanto tempo fazia que eu não sentia vontaaaaade de desenhar, e a primeira coisa que eu pensei foi: A Fer quer uma fada. Ela nem tinha pedido pra mim direito, só tinha comentado que pedia pra todos que desenhavam. Mas eu interpretei aquilo como um futuro pedido e não sei, eu quis desenhá-la.

No dia seguinte, olhei pr'aquela fadinha bonitinha no papel de caderno, desenhada de lápis e caneta preta e pensei que teria que ser um pouco mais do que aquilo. Então eu a desenhei de novo, numa folha bonita, com as minhas canetinhas e lápis de cor, recortei a folha, fiz uma estrelinha roxa. Pintei de roxo, o máximo que eu pude. Separei todos os tons de roxo que eu achei no estojo.

E eu não a conheço. Eu pensava em quê ao desenhar se eu não a conheço? Eu não tinha certeza se o que eu conhecia era o bastante pra que eu fizesse com que aquele desenho fosse dela. Que fosse dela e que fosse pra ela. E, para minha maior surpresa, quando ela o viu, o que ela me disse, sem ter conhecimento algum das minhas dúvidas e preocupações, foi que aquele desenho se parecia com ela. E nenhuma outra resposta que ela desse poderia ter me agradado mais.

O que isso significa, eu não tenho intenção alguma de prever.
Não sou boa em fatos, me componho dessas pequenas esperanças.

17 janeiro 2009

Incompleto e cheio de graça

Eu não consegui escrever nada pra você.

É como se tudo o que eu precisasse dizer pra você eu já tivesse dito. Vão fazer quatro anos de muitas cartas, conversas intermináveis, depoimentos, textos, bilhetes, confissões, tudo. Tudo. Tudo o que você precisa de uma amiga na sua vida. Diversas vezes eu já te comparei com o mar, já te agradeci por você ter mudado a minha vida completamente, já escrevi coisas engraçadas... E hoje, parece que tudo o que eu penso de você, você sabe. E eu me pego pensando: o que eu escreveria pra ela pra ser uma novidade? O que, por Deus, eu escreveria, que a faria se emocionar de novo? De todas as menores e maiores coisas, de todos os meus segredos e de todas as minhas verdades absolutas? Quais os detalhes que eu deveria te contar? Quais os detalhes sobre você mesma que eu deveria listar? Quais os detalhes sobre a nossa história? E confesso que realmente não sei.

Marina, e se a minha carta não for boa o bastante? E se eu não souber escrever coisas boas o bastante pra você? Você vai me perdoar se, agora que eu conheço você, eu não souber disfarçar tão bem mais com palavras o que eu tenho que dizer?

Você é a pessoa mais completa que eu conheço. Você é linda, você é engraçada, você é séria, você é esperta, você é inteligente e sempre, não importa o momento pelo qual eu esteja passando, você sempre entende. Você pode me confortar com uma piada, com uma crítica bem colocada, com uma discussão de horas sobre alguma coisa em que a gente se aprofunde muuuuito ou com um abraço. Não existe definição melhor pra você que completa. Não que essa palavra explique o quanto existe em você, não que essa palavra demonstre o que você passa quando você está, eu realmente não espero que esta seja a definição mais detalhada, mas pra mim, hoje, não dá pra detalhar você, você é como a palavra tudo, você diz uma palavra e cada um entende o que quiser. Você é tanta coisa que eu nem me atrevo a dizer. Pra mim, Má... Você é tudo.

Eu te amo, grande, especial, completamente - amiga.