05 março 2009

Seu samba vai tocar no infinito

Shows são uma ilusão. Nós vamos alegremente até o local, pegamos fila, pagamos caríssimo no ingresso, brigamos com pessoas chatas, pisoteamos os pés dos outros, perdemos o celular, somos roubados, mas no final nada disso importa, nós estamos lá, cara a cara com a pessoa que admiramos, compartilhando olhares, acreditando na imensa e idiota ilusão de que estamos, realmente, compartilhando olhares.

Mas então ela veio. Ela apareceu naquele palco pra quebrar todas as certezas que eu tive. Foram duas vezes, esperanças duplamente reforçadas e SIM, eu realmente acredito que ela se lembrou de nós. Porque, oras, existem mil fãs da Maria Rita. Existem mil fãs de samba, existem mil fãs de todas as coisas. Mas eu sei que, naquele dia, nós nos destacamos. Pra ela, inclusive. Nós éramos a nova idade, reunida com toda a mais pura unidade, bem ali, na frente dela e gritando. E chorando. E dizendo com os olhos: nós gostaríamos de ter um símbolo pra fazer com as mãos e dizer o seu samba, mas estamos aqui, com a maior adolescência possível dizendo com as mãos erguidas no ar: Yeah, girl, you ROCK. You rock com o seu samba de bossa e não de grito, you rock com as suas dancinhas, com as suas gracinhas e com as suas pernas torneadas e roupas de lantejoula. E, sim, eu realmente acredito que ela pegou essa mensagem no ar, dentro da magia que se forma naquele pequeno universo que celebra tudo o que é bonito que é o show da Maria Rita.

Quão ridículo é dar corda a essas esperanças? Quão tosco e sem noção é isso? Quanta vontade seria necessária pra fazer com que quatro pessoas vissem e acreditassem nessa mesma coisa? Não é muito possível que tenhamos imaginado. Não consigo acreditar nessa possibilidade. Ela olhou pra nós, ela apontou pra nós, ela imitou o nosso gesto idiota, ela riu quando nos viu e ela disse: Pra você também. Ela disse pra nós, eu tenho a mais absoluta certeza disso. E que me rotulem de louca, se quiserem, que ninguém acredite em nós, que me olhem com cara de desprezo enquanto eu conto, eu não vou me importar. Porque essa semente de esperança é minha e eu sinto como se eu pudesse mudar o mundo. Uma semente dividida em cinco. Que me faz ter forças pra seguir essa trajetória e acreditar nos meus sonhos mais incríveis.

Desde ontem, nasceu em mim uma expectativa de um futuro melhor, uma vontade, uma verdade, um desejo de ser algo notável, nasceu em mim algo bom e novo e tudo isso tem o seu nome assinado em baixo, Maria Rita. Os seus nós da garganta, os seus choros, eu acredito na verdade de cada uma das coisas que você faz, com o seu coração enorme. Eu sinto na sua voz, o quanto tudo é verdadeiro. Eu acredito na sua força e NINGUÉM poderia ter representado melhor a comemoração do dia da mulher do que você.

É, Maria Rita, a novidade que anda por aqui é toda sua ♡

03 março 2009

The end has no end

Na vida real, as histórias nunca terminam. Não existem fins, tampouco pontos finais. Nós simplesmente seguimos em frente, depositando todas as nossas raras esperanças em um santo que até mesmo os ateus são obrigados a acreditar - o tempo. E, com mais facilidade do que nós, o tempo segue, mando, frio, lento. Mas, no fundo, o tempo é como aquelas borrachas milagrosas vermelhinhas que apagam caneta - realmente acreditamos que pode funcionar e a nossa profunda fé faz com que a usemos até arrancar do papel as fibras coradas de tinta de caneta e todas as outras em volta, junto. Não é realmente como apagar, o papel está, então, incuravelmente ferido. Ao longo da vida, podemos tentar arrancar à força as memórias, podemos tentar nos dilacerar para remover o que está errado dentro de nós, mas existem marcas que não podem ser apagadas. Mesmo que tenhamos a grande sorte de esquecer os motivos e deixar de lado os sofrimentos, as marcas, elas ainda estarão lá.

01 março 2009

Desatando nós da garganta

Como para ajustar certas expectativas, eu resolvo mudar de opinião sempre. Mas nunca encontro o ponto certo, a sintonia, não consigo equalizar a rádio tocará as músicas que eu pretendo ouvir. Meus valores estão todos distorcidos, e para não precisar explicar o que sinto, mais por não saber, simplesmente não toco no assunto. Ele fica lá - parado, intacto, intocável. Dessa forma, encerra-se tudo por debaixo da minha pele, onde eu guardo pra mim o que ninguém pode encontrar.