22 abril 2009

Não Maria, mas Rita

Tenho uma necessidade por pessoas. Às vezes tento escrever histórias, inventar personagens. Mas não passam as pessoas. Elas estão e permanecem todas à minha volta, esperando para serem amadas, para serem odiadas, pra eu não gostar delas ou gostar delas muito. Elas estão lá pro mundo, dando sua cara à tapa, como eu, como todos nós, simplesmente levando a vida, de jeitos diferentes, com todas as variáveis e incógnitas possíveis.

O fato é que o comando me atormenta. Os meus personagens são muito entregues à minha vã vontade momentânea. Eu gosto das coisas que não posso controlar. E lá estava ela, à primeira vista tão comum, naquele palco, reclamando, coçando a cara com o microfone, com o cabelo um pouco despenteado. Tão cheia de peripécias pra contar, de infância, de histórias. Não segue o meu esteriótipo de amizades platônicas, mas ela é incontrolável. Ela é tão assim, sabe-se lá por quanto tempo, sempre foi, tão ela, que chega a ser um pouco deslocado, antiquado e imprevisível. Imprevisível por se encaixar tão perfeitamente entre diversos fatores improváveis. Imprevisível por se fazer importante, de um jeito tão ímpar. Sem saber, sem precisar ser nada além do que lhe cabe.

São 150 alunos, mas ela está lá, todas as segundas e quintas. Eu me enfeitarei com um sorriso bobo todas as segundas e quintas pra dar risada das espantadas de sono dela. As pessoas são tão únicas que eu não posso evitar. Elas estão lá, sempre. E o meu platonismo nunca falha.