04 agosto 2010

Being good is just so fucking boring

Apesar de reconhecer o tremendo clichê com que meus pensamentos se deparam aqui e agora, seguirei botando a culpa na sociedade para os males do mundo porque eu não nasci pra viver nos moldes que criaram pra mim. Eu sou o sair do quadro, eu sou o outdoor exposto à chuva, que se desgasta, mas põe a cara a tapa, mostra seu recado pra um amontoado de gente. Eu não tenho a pretensão de saber discutir, de convencer, de alarmar, apenas de mostrar, de exibir um ponto material, bem localizado, sem dimensões. Escrevo pra me descobrir, desenho pra me encontrar. Dos lares sou eu o ponto de fuga. E se não há a quem culpar, como deixar de lado fraudes numa sociedade que acredita no que outros homens inventaram antes de acreditar no que há dentro de si próprios? Como colocar minha fé numa sociedade que se priva de felicidades por motivos que desconhece? Que rotula tudo o que não se considera parte e que não discute nem questiona ao herdar princípios?

Cara sociedade, já que eu não posso sair do jogo, vou me auto-entitular café com leite. E vou acreditar, mesmo que sozinha. Eu não acredito em você. Eu não confio em você. Eu não quero lhe ouvir. Permaneça quadrada e igual, ignore que o mundo muda e siga seu caminho sem alarde, como sempre, na opacidade da rotina dos bons. Eu manterei a maior distância possível de você.

01 agosto 2010

Põe tudo no crédito

Dentre as inconsequentes hipérboles sobre as quais se constituem meu ser e todo o amontoado de sentimentos que nele se desfiguram, esta é a mais incompreensível. De incompreensão me sobram inúmeras arestas não podadas, mas esta é justamente a mais aguda. Tudo o que venho sentindo sem aparente razão me confirma o fato que me é de obviedade estúpida - eu desaprendi a viver sem a sua presença. Odeio a estabilidade dos cobertores ao não cair no meio da noite pelos lados da cama e não me preocupo com o gradiente lindo do céu se não refletido em seus olhos. Eu sinto o cheiro do seu gosto no vento frio que me gela a alma ao longo da Almirante Barroso e me falta matéria entre os dedos, sua mão, seu corpo pra eu apertar. Minha previsibilidade me cansa, mas hoje eu não consegui estar presente no meu próprio dia, não estive na sala de estar. Enquanto embrulha meu estômago, tenta expelir essas entranhas que eu desconheço. São minhas? É por mim mesma todo esse esforço aqui dentro pro meu sangue continuar correndo? Você está no lugar errado, de qualquer maneira - hoje eu nem sequer estou, o pouco que eu sou neste momento me poupo, e pra mim, pra seguir em frente até a hora de voltar a viver de verdade.