tag:blogger.com,1999:blog-2765438444460846062024-03-05T19:26:46.450-08:00Hipérboles Comestíveisccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.comBlogger104125tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-74670860943711653582013-04-11T23:48:00.001-07:002013-04-11T23:48:10.567-07:00meio que sim, meio que não<div>
nossa espécie faz da dúvida certeza <div>
estrutura em pontos de interrogação</div>
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edifícios cimentados com beleza</div>
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arquitetura da destruição</div>
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por necessidade acendo ideias</div>
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supondo esquecer a razão<br /><div>
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ccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-65666895104797462632013-02-27T19:08:00.003-08:002013-02-27T19:08:43.438-08:00sobre o que vai pro lixode repente a vírgula nunca mais vai passar pela minha letra cursiva ou meu discurso p r o l i x o reciclávelccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-86177430138588841742013-02-20T19:32:00.002-08:002013-02-20T19:32:30.011-08:00essa letra que cê escrevefaz tanto tempo que eu não te leio você desfaz o sentido e eu tenho sentido a tua falta em todos os sentidos eu achava uma loucura as letras minúsculas e a sua good writing era o sex appeal ou boa parte parte boa eis que parte e que parte ficou pra trás se coubesse interrogar eu ia querer saber mas saber é bobagem eu não sei de nada e sou mais feliz quanto menos consigo saber eu insistia nas letras maiúsculas como se elas pudessem me salvar cê tá me querendo agora são outras linhas e as suas palavras encontram as minhas nossos corpos não se encontram mas sabem que estão em algum ponto ligados por uma linha infinita minha letra cursiva e de que forma a sua letra de forma me informa que foi rabiscada pela sua mão sopa de letrinhas devoro inteirinha a sua confusão me dá a mão estou com saudadesccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-45316264675799209562013-02-14T11:07:00.002-08:002013-02-14T12:00:32.579-08:000.8 mm<span style="font-family: inherit;">hoje são outras linhas eu sempre digo que tá tudo bem ~ não ~ pode levar tudo nas suas saídas a francesa no bolso da sua saia preso nos seus grampos pode me levar nua crua e sem sentido esperando por algo que nem sei se há mas ah é sem querer que você me arranca as vísceras me estonteia a vista me balança as pernas me deixa menina sem saber o que dizer é sem nenhum querer que você pensa em mim? eu não sei quem eu sou e eu não sei dizer se estou disposta a jogar azar é bem comigo o perder tem um gosto de ausência que não sai da minha boca mas esse sabor de amar ninguém me toma</span>ccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-48426618675653926432012-10-12T11:56:00.001-07:002012-10-12T12:01:21.867-07:00Eu posso ser tudo o que você quiser, eu só não posso ser suaVocê me conhece. Dos pensamentos mais leves aos meus desejos mais insanos, nada nunca foi segredo pra você. Talvez este tenha sido o nosso erro, mas abrimos nossas vidas, corações e corpos como livros ilustrados e essa entrega nos transformou em uma só - os amigos confundiam nossos nomes, mas eu realmente acho que nós também confundíamos bastante. No nosso guarda-roupa conjunto, no nosso gato preto, tudo o que era nosso ia guardando um segredo íntimo, nós experimentamos o gosto do casamento mais do que muita gente crescida por aí. Nós compartilhamos a nossa vida sem medo (se bem que sempre houve um certo medo, mas ele nunca nos impediu de seguir o caminho com certeza). Todas as minhas entranhas foram suas, e também essa parte embaixo dos seios de onde dizem que saem os sentimentos. Talvez até eu tenha aprendido isso com você, ou eu que te ensinei?<br />
<br />
Lembre-se de quem eu sou. Eu errei e já me desculpei tantas e tantas e tantas vezes. Você sabe minhas razões e eu sei as suas. Mas lembre-se de quem eu sou agora. Como você pode acreditar que eu tenha agido em algum momento da minha vida por maldade? Você me conhece. Você esqueceu do que você via dentro do meu coração?<br />
<br />
Eu posso até ser a pessoa mais estúpida que você conhece e é bem provável que eu realmente tenha te perdido por mérito, mas existe algo de bom aqui dentro de mim que eu sei que existe e que não vai passar nunca. Eu tenho mil coisas pra fazer e estou aqui chorando por você há horas, um fundo musical de Karina Buhr, criando uma cena nostálgica e deprimente. Estou chorando antecipadamente pelo momento que o gato vai embora de novo. Nem você e nem ele na cama, ir dormir é difícil, mas acordar é pior. É desesperador iniciar um dia sendo apenas uma, me sentindo como uma metade aleatória. Eu sei que não é isso, mas a razão nunca foi meu forte mesmo, isso você também sabe.<br />
<br />
Eu estou te dando um tempo. Mas não é mentira quando eu te digo que fiquei feliz quando você vem buscar alguma coisa ou liga pra discutir. Lembra de quem eu sou? Minhas paixõezinhas platônicas? A forma como eu consigo ignorar tudo e te achar lindinha? Minhas ilusões? Minhas fantasias? Eu lembro sim de todos os goles de café no Aquarius, mas eu não quero que você pague pra mim dessa vez. Estou tentando viver sem você - e tá difícil demais.<br />
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Vou me obrigar a sair de novo, e vai ser divertido, sabe? Sempre é. Vou encontrar pessoas legais, viver com toda a liberdade, que era o que eu queria, mas sem você, de vez em quando, especialmente de manhã, nem isso parece ter sentido.<br />
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Volta.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/PhLnPifHqQU?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />ccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-32780263692561205622012-08-20T00:57:00.001-07:002012-08-20T01:39:34.909-07:00Um café expresso e meio sorriso sem açúcarAr limpo pra nós duas! Hoje eu estou feliz pelos aleatórios entre as opções. Você pode achar que é porque eu quero você demais, se quiser, mas na verdade é só porque eu não quero ter que refletir se eu me importo ou não.<br />
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PS.: Você fica linda de pijamas.</div>
ccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-17947587215412239442012-07-21T20:54:00.003-07:002012-08-20T18:38:53.124-07:00Cumulus NimbusLigo uma música perturbadora no último volume. Procuro algo sobre o que preciso pensar. Preciso tanto pensar em tudo que não penso - há algum ponto fixo crucial perdido por aí. Crucifixo. Há uma instabilidade quando são chamados de fixos e insistem em se mover assim, dessa forma. Não deveriam ser móveis, não. Mas o são sem nos pedir. No mínimo fossem mais lentos...<br />
<br />
A incerteza da música que me perturba é a mesma da vida - tá aí uma comparação agradável. A vida me atrai como esse som. A vida conversa comigo em dois fones: vai rodando. <i>It's all around you</i>. E essa minha nova mania de organização vai afetar minhas ideias também? Talvez seja realmente conveniente. Acho interessante essas notas que destoam do conjunto, apesar disso. A opção pode ser criar uma organização própria, com um sentido que fuja do compreensível pr'outros olhos que não os meus. Talvez assim a liberdade me alcance. Ela vem me perseguindo, mas está sempre alguns passos atrás. Eu forço tentativas para desacelerar, mas ela não me alcança, quando eu olho para a direita, ela está a minha esquerda e vice-versa, mas a harpa é só um piano pelado.<br />
<br />
Eu nunca tenho certeza em qual parte da respiração eu sinto mais forte essa coisa no peito. Será que eu aguento mais um pouco? Posso tirar um fone? Nessa faixa não me parece mais tão romântico a música ser a vida. Mas daí começa outra. Eu gosto demais daquela caneta verde, mas eu preciso de mais materiais pra fazer alguma coisa boa de verdade. Eu quero um estojo bem servido! Quero ter todos os tipos, de todos os tamanhos, quero a delícia do que está tocando agora tocando os papéis. Essas traduções semióticas não são lá muito revolucionárias. Na verdade, nunca consegue ir além do repetitivo. O que eu quero mesmo é usar uma expressão e um conteúdo completamente diferentes e despertar o mesmo sentimento em quem recebe a informação. Eu quero que esse barulho me invada.<br />
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É preciso que se entenda: tudo isso estava adormecido. E sem perceber eu comecei a procurar desesperadamente pelo que estava errado e foi então que a encontrei, não para resolver, mas para embaralhar a situação deliciosamente. Chegou em 1080, ludibriando a tecnologia e a ignorância com notas de genialidade. Acúmulo de informações bizarras concentradas num fenômeno audiovisual. <i>Cumulus Nimbus</i>, uma nuvem. Hoje tudo está fazendo um sentido insano dentro da minha mente. Tirou a materialidade da minha cor e me deixou uma sensação de ter pisado em falso. A dúvida entre gostar ou não me faz querer tirar todas as provas. E isso é insanamente carnal. Um olhar infinito, quase impuro, interminável. Toda essa reflexão sobre o espaço que eu tenho procurado me inserir tem um quê de familiar. Percebo o quanto esses pensamentos andaram afastados de mim - antes eram tão cíclicos e contínuos... A certeza é uma só: de que alguma coisa foi esquecida pelo caminho.<br />
<br />
Aqui é a hora daquele café passado sem açúcar. Para os inteligentes as coisas são claras. Tudo o que ele mostra tem um cheiro do que eu quero pra mim. Não é nem a classe, nem a graça, estes são tão óbvios, há um ponto mais. E de repente uma ficha cai, dura, bate metálica no chão de cimento queimado.<br />
<br />
Onde é que eu estive esse tempo todo? Vou me vestir de novo de mim. Eu terei de me perdoar, foi muito tempo esquecido. Agora tudo parece tão leve novamente que minha vontade é deitar naquela nuvem macia, poder usá-la de travesseiro, abraçar e colocar entre as pernas.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-fNXSe0xgZfI/UAt5LcKMf6I/AAAAAAAAALQ/ZFnUIJrqk8E/s1600/Sem+t%C3%ADtulo.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="285" src="http://4.bp.blogspot.com/-fNXSe0xgZfI/UAt5LcKMf6I/AAAAAAAAALQ/ZFnUIJrqk8E/s400/Sem+t%C3%ADtulo.png" width="400" /></a></div>
<br />Declare Independence, don't let them do that to you!ccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-71564959362953310932012-07-11T03:20:00.000-07:002012-07-11T03:20:52.117-07:00Sofá-cama-criado-mundoAres, sofás e sentimentos compartilhados. Pequenos vestígios de diversas coisas não-ditas começam a se desprender da parede do estômago, me fazendo confundir gastrite, ansiedade e paixão. É só eu pensar em problematizar que todas as respostas aparecem claras na minha frente - são apenas chaveiros diferentes para as mesmas chaves. Eu abri a janela do seu quarto hoje pra deixar ventilar as paisagens e retratos. Nós estamos de braços abertos, esperando só o que é bom chegar. Na verdade, a gente se contenta com pouco - o mundo é o seu sofá e dois, pra nós, já é uma roda.ccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-7500715104418807562012-04-11T20:54:00.003-07:002012-04-11T22:08:49.589-07:00Antes e depoisTodos precisam de um caderninho pra anotar coisas - aquele pensamento que por um segundo quase foge da mente, aquela imagem que repentinamente se forma frente aos olhos. É um tênue momento entre perder ou guardar tudo isso para outros momentos, em que eles possam grudar na memória com mais firmeza.<div><br /></div><div>Você diz que eu sempre fujo das coisas, mas acho que não gosto de fugas - pelo menos das físicas. A ausência é mais forte. A ausência é a violência mais bruta que você pode me dar - uma ferida neutra, sem cor, que causa uma dor que não age, paraliza. Estar sozinho é um processo.</div><div><br /></div><div>Nestes (e nos outros) momentos muita coisa acontece. São gotas que batem nos telhados, vozes que conversam na rua, o som da geladeira simplesmente gelando, barulhos que ecoam na minha cabeça, me dão vontade de mijar. Frio na barriga: úmido. </div><div><br /></div><div>A música segue tocando, como se nada tivesse acontecido. É, eu realmente precisava quebrar alguma coisa. Imaginária ou tocável, inteira ela não cabia em mim mais. Talvez eu tenha emagrecido um pouco mais. Faria diferença?</div><div><br /></div><div>É como a Leila dizia: cuidado com a subjetividade... mas eu não soube fugir. E olha que neste momento uma fugazinha não faria mal a ninguém. </div><div><br /></div><div>Quer saber? Desta vez eu vou ficar. Vou esperar você voltar, pra eu provar pra mim mesma (ou pra nós duas) que você é capaz disso sozinha. Que você vai escolher sem que eu tenha que pedir. </div><div><br /></div><div>Enquanto isso, reações químicas continuando agindo no meu corpo. Mas quando você retorna, algo fica diferente. Um diferente igual. O quê?</div>ccccccchttp://www.blogger.com/profile/01355091381591508010noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-13633431136345072542011-08-03T11:56:00.000-07:002011-08-03T12:52:09.462-07:00Mãe, eu sou mulher.<div style="text-align: left;"><i>Eu tenho medo que você seja agredida na rua.</i></div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;">A gente ouve as famílias discursarem sobre a homofobia quando descobrem algum homossexual entre eles. Bom, se você quiser ser lésbica, seja discreta, seja silenciosa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-_lvW9z36dSz2EdQu14mJrYzqDdgUCRYVc73empsJ-213q6YretleWYH2aQ3wM1WkMpG-9pFkKYed3AOQSvnx8ZlRE3_nA0rOIZub8ARVteNOX-FVMWbX0wYFKJPHlM7UsEgIHVH0-Pg/s200/tumblr_ll84ori1kn1qai694o1_500_large.jpg" style="text-align: justify;float: left; margin-top: 0px; margin-right: 10px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; cursor: pointer; width: 200px; height: 133px; " border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5636718344753478386" /><div style="text-align: justify;">Eu tenho uma má notícia pra vocês: eu sou mulher. Eu sou agredida na rua todos os dias. Eu sou agredida por homens que dizem coisas chulas se referem ao meu corpo e à minha beleza. Eu não estou à disposição deles, mas isso não importa, as mulheres não têm o direito de andarem na rua sem serem perturbadas. Todos os dias, todas as ruas, todos os segundos de nossas míseras vidas. São homens que nos encoxam nos ônibus, que postam ofensas misóginas sobre nós em todas as redes sociais, que desejam os nossos corpos, que querem comer os nossos ânus independente do prazer que sintamos ou não, sem preliminares, sem flores, sem ligações no dia seguinte, homens que estão a todo instante a um passo de nos estuprarem. São homens e mulheres que culpam nossa forma de nos vestir pelos assédios cometidos. São maridos que se sentem à vontade para bater em suas esposas. São homens violentos, nojentos, sujos e pervertidos que estão a solta em todas as cidades, em todos os lugares. Eles querem sugar as nossas almas e destruir os nossos corpos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ_dSitsF3AaIO25jM05uwB8Xt1PPnLaTYsa0lHi5kW2xZ7lW1RjWDK6AMRMu6oUb4O9XT2jWMyEI7-Ht7ivTeJni7qD3Mgmcrz2DghigdzVrJ60ekiZq3WES4Qn_0KHWJReAO23uqfmw/s320/20081117155545.jpg" style="text-align: justify;float: right; margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 10px; margin-left: 10px; cursor: pointer; width: 203px; height: 320px; " border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5636719718769489618" /><div style="text-align: justify;">Eu não sei onde eles estão, se se escondem por entre as sujeiras suburbanas ou se estão nos cafés, sentados e quentes, observando o movimento. Por vezes eu penso que estes homens estão enfurnados dentro da cabeça de cada um dos homens desta sociedade hipócrita. Uns mais, outros menos, mas eu quero estar longe de todos para não correr riscos. Eu tenho medo que eles apareçam, que a qualquer momento qualquer homem comum comece a pensar com a cabeça do pau e deixe emergir toda a doença social deste patriarcado abominável. Eu não quero estar perto deles porque essa doença está em todos os lugares, em todos os cantos, em todas as cabeças e se eu me sentir agredida e denunciar algo, inevitavelmente será minha culpa, pela minha beleza dos vinte anos, pelo meu corpo tão dentro dos padrões masculinos passíveis de ser fodidos. But I was born this way!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Portanto, vocês deveriam ter ficado amedrontados quando o médico disse que era uma menina. Ser gay é imensamente mais fácil que ser mulher, acredite. A homofobia é polêmica, mas está sendo discutida há anos. A misoginia não está em discussão. Não tenham medo - eu sou lésbica para estar longe do que mais me agride.</div>Unknownnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-68031224095593129572011-04-20T22:32:00.000-07:002011-04-20T23:19:07.634-07:00Conceitos obsoletos de poética cotidiana<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-hkkuKYds51825PIzy0B0OUYBA1Nusy1D-FSo9RJKHbPqjKzZJEdQ6KZUyJ-PSGzQqJ7LgAMq6nZ9HdVPl7ULAPlCIQ5iF3XBF0eZUp6-bmO5213eOftKHKd7xm5X3DKxc4Ata2bzC-4/s1600/1427121.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-hkkuKYds51825PIzy0B0OUYBA1Nusy1D-FSo9RJKHbPqjKzZJEdQ6KZUyJ-PSGzQqJ7LgAMq6nZ9HdVPl7ULAPlCIQ5iF3XBF0eZUp6-bmO5213eOftKHKd7xm5X3DKxc4Ata2bzC-4/s320/1427121.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5597916945337970338" /></a><div style="text-align: left;">Espalha-se pra todos os lados... Um pedaço de cada coisa numa colcha infinita de retalhos hoterogêneos. Arte de verdade é entrega, mas arte de mentira todos somos um pouco. E quem nega? Qual é a verdade universal? A resposta final? Atire quantas pedras quiser quem acredita nas certezas absolutas, pois eu não acredito <b>nem sequer</b> na certeza da rigidez das pedras. Eu entendo muito bem o conceito e a aplicação da abstração, mas quem vai me impedir de procurar pequenos animais e formas entre toda essa tinta? </div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Reflita, mas prive-se de enlouquecer. Às altas horas da madrugada simplesmente esqueça. A melhor parte é ver a noite chover seu céu escuro, desligar-se das conexões possíveis e esquentar-se junto a um outro corpo macio e nu, tão igual. Se arte é entregar-se,<b> quem</b> atirará a primeira pedra?</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-70424654043254657842011-02-21T13:20:00.000-08:002011-02-22T11:22:19.518-08:00Afinal, ser diferente é tão clichê<div>Sem aviso prévio nem acerto de contas, a vida me demitiu do que eu era e me jogou na cara apenas uma certeza: eu já não sou mais tão criança a ponto de saber tudo.</div><div><br /></div>É estranho como num certo ponto o sentido das coisas se dissolve. Tantas respostas na ponta da língua e opiniões formadas que, repentinamente, eu já não sei mais se tenho certeza do que penso. Começo a responder <i>não sei</i>, a ficar calada. É como comê-las, alimentar-se de todas as suas mais profundas dúvidas e incertezas. Como se as respostas que eu antes tinha não aguentassem mais a acidez dentro da minha boca. E é isso que é crescer? Refutar minhas próprias certezas e desafiar minhas próprias convicções?<div><br /></div><div>Inevitavelmente, as contradições me afligem. É esperteza ou burrice se aprofundar? Será que existe um nível <b>seguro</b> para consumo dessas substâncias? Será que são toxinas ou remédios? Percebe-se a pureza se esvaindo, as sentenças exclamativas dando lugar a centenas de interrogações. <i>Sem resposta</i>. A responsabilidade de carregar-se, de erguer-se, de manter-se em pé que nos empurra, quase nos derruba e nos mantem andando, meio bambos. Somos todos ou sou só eu? Não existe nada único neste mundo vasto, mas... é comum ou é raro se sentir assim? Estão todos comigo? Escondendo as palavras em baixo da língua por não ter certeza da recíproca da humanidade quanto a isso ou simplesmente por não saber muito bem quais palavras usar pra descrever?<br /><div><br /></div><div>E se é clichê ou não, pouco importa, me entrego a este sentimento sem pudor. Eu não defino mais o certo como certo como antes eu sabia diferenciar tão bem. Neste ponto os sentimentos são como os filmes - assistir só os bons sem ter a experiência de assistir os ruins fará de nós tão alienados quanto assistir somente os ruins. Eu me disponho a não classificar e sentir<b> tudo</b> isso, por mais chulo ou raro que seja.</div></div><div><br /></div><div>Eu me entrego. </div><div>E isso não significa <span class="Apple-style-span">necessariamente</span> que eu esteja desistindo.</div>Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-3140724626234174462010-10-28T04:41:00.000-07:002010-10-28T09:46:33.815-07:003:38Na calada da noite, um táxi pára na frente de um alto prédio de esquina. A moça conta as moedas e desce, sem chaves, cheirando a festa, equilibrando sua desequilibrada beleza em cima de uma sandália.<br /><br />Interrompendo meu conturbado sono de cada dia nos dai hoje, a campainha toca, altas horas da madrugada, meu imponente e pontual emprego me esperando a espreita algumas horas adiante. Pelo vidro da porta, vejo uma silhueta escorada na parede. A maçaneta da minha casa exige alguma força para girar, a imagem então me atingiu como um todo - o emaranhado de cabelos vermelho escuro, os olhos pintados, um curto vestido preto, sem descer do salto 12, um tanto cambaleante e com olhos sonolentos, todo aquele brilho e luxúria, um tanto <span style="font-style: italic;">decadence queen</span> de final de noite, mas ainda brilhando aquele desejo quase impuro com que eu sonhava... Uma sombra azulada em cima dos marcados e marcantes olhos marrons iluminava um olhar de carência, de saudade. Veio até mim aquele olhar para que juntos os curássemos.<br /><br />Deitou-se em minha cama, com um sutiã preto e uma calcinha colorida. Deixou-me sentir sua maciez, afundar minhas mágoas em seu colo, abraçá-la com ternura. Deixou que rolassem as lágrimas que contia e desabafamos angústias irremediáveis, inflexíveis.<br /><br />Ah, minha menina, quantas coisas cabem em você, não é mesmo? Suas roupas coloridas escondem uma mulher aí dentro, uma mulher de salto 12 e cabelos vermelhos. Eu ainda vou levar um bom tempo pra conhecer todas as suas versões, mas eu quero todas. Eu quero todos os seus lados frouxos e soltos para existirem e se libertarem ao meu lado.<br /><br />Assim como ontem, todas as vez quando fechamos as portas, meu bem, a sua presença perfuma o ar. Damos para as paredes a liberdade de manter do lado de fora todos os males que o mundo oferece. Dentro, só há o amor - vazando pelas frestas.Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-54185965738975992762010-10-07T05:08:00.000-07:002010-10-07T07:09:56.069-07:00Indolor sentimento incolorDias como este reerguem monstros há tanto adormecidos. Você pode até achar que eu não tenho motivos pra estar irritada, pra ficar triste, pra ficar brava, mas eu sinto que naquelas malas virão todos os meus medos guardados, embrulhados pra presente. Quantas e quantas vezes eu estive feliz e fui obrigada a chorar, sabe? Você não tem idéia. Ela queria que eu limpasse o sangue, mas eu estava feliz, eu não queria limpar. Eu não sou uma boa pessoa, sabe? Porque eu não limpei. Você sabe e eu sei porque isso tudo aconteceu. E são estes mesmos motivos que me assombram... e agora o sangue é meu. Agora é meu sangue, minha carne e meu coração completamente envolvidos e eu não estou mais disposta a desistir como antes. Agora eu estou com medo. Não que antes não estivesse, mas agora eu estou vulnerável. Eu não me importo que me afetem, mas ficarei muito ferida se afetarem você. Ao mesmo tempo que eu penso que tenho que fazer alguma coisa, penso que vou ficar bem quietinha no meu canto, não vou sair de casa não, quem sabe assim eu te privo de sofrimentos desnecessários, de palavras desnecessárias. Eu estou em dúvida. Eu estou com medo e estou em dúvida. Eu sou patética. Como eu posso estar tão certa de algo tão incerto?<br /><br />Corra, sangue, corra. Fuja pr'algum lugar bem longe daqui onde você possa encontrar calor n'alguma outra coisa, mas vai ser bem rápido, como uma injeção...<br /><br />Eu sei que você já conhece essa dorzinha.<br />Só dói um pouquinho.<br />E <span style="color: rgb(204, 153, 51);font-size:78%;" >(quase)</span> sempre passa.Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-61077426955966022912010-08-04T19:18:00.000-07:002010-08-13T18:53:28.303-07:00Being good is just so fucking boringApesar de reconhecer o tremendo clichê com que meus pensamentos se deparam aqui e agora, seguirei botando a culpa na sociedade para os males do mundo porque eu não nasci pra viver nos moldes que criaram pra mim. Eu sou o sair do quadro, eu sou o outdoor exposto à chuva, que se desgasta, mas põe a cara a tapa, mostra seu recado pra um amontoado de gente. Eu não tenho a pretensão de saber discutir, de convencer, de alarmar, apenas de mostrar, de exibir um ponto material, bem localizado, sem dimensões. Escrevo pra me descobrir, desenho pra me encontrar. Dos lares sou eu o ponto de fuga. E se não há a quem culpar, como deixar de lado fraudes numa sociedade que acredita no que outros homens inventaram antes de acreditar no que há dentro de si próprios? Como colocar minha fé numa sociedade que se priva de felicidades por motivos que desconhece? Que rotula tudo o que não se considera parte e que não discute nem questiona ao herdar princípios?<br /><br />Cara sociedade, já que eu não posso sair do jogo, vou me auto-entitular café com leite. E vou acreditar, mesmo que sozinha. Eu não acredito em você. Eu não confio em você. Eu não quero lhe ouvir. Permaneça quadrada e igual, ignore que o mundo muda e siga seu caminho sem alarde, como sempre, na opacidade da rotina dos bons. Eu manterei a maior distância possível de você.Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-656349748381775712010-08-01T18:58:00.000-07:002010-08-01T21:12:05.989-07:00Põe tudo no créditoDentre as inconsequentes hipérboles sobre as quais se constituem meu ser e todo o amontoado de sentimentos que nele se desfiguram, esta é a mais incompreensível. De incompreensão me sobram inúmeras arestas não podadas, mas esta é justamente a mais aguda. Tudo o que venho sentindo sem aparente razão me confirma o fato que me é de obviedade estúpida - eu desaprendi a viver sem a sua presença. Odeio a estabilidade dos cobertores ao não cair no meio da noite pelos lados da cama e não me preocupo com o gradiente lindo do céu se não refletido em seus olhos. Eu sinto o cheiro do seu gosto no vento frio que me gela a alma ao longo da Almirante Barroso e me falta matéria entre os dedos, sua mão, seu corpo pra eu apertar. Minha previsibilidade me cansa, mas hoje eu não consegui estar presente no meu próprio dia, não estive na sala de estar. Enquanto embrulha meu estômago, tenta expelir essas entranhas que eu desconheço. São minhas? É por mim mesma todo esse esforço aqui dentro pro meu sangue continuar correndo? Você está no lugar errado, de qualquer maneira - hoje eu nem sequer estou, o pouco que eu sou neste momento me poupo, e pra mim, pra seguir em frente até a hora de voltar a viver de verdade.Unknownnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-1507999914211394252010-07-31T19:19:00.000-07:002010-07-31T22:09:49.297-07:00I shoudn't apologize so muchÉ que eu não acho que você tenha esse direito. As coisas são e deixam de ser com a facilidade com que as roupas mofam em Pelotas. Direitos e deveres são completamente discutíveis e negociáveis, mas é que nós nunca chegamos a discutir isso, não é verdade? Sempre tivemos nossas certezas pessoais, mas relações precisam de um pouco mais do que isso. Nós nunca compartilhamos o que achávamos que deveria ser feito. Nunca compartilhamos o que era necessário fazer. Disto tudo, não coloco a culpa em você. Não existem culpas significativas, assim como não existem deveres nem direitos. Tudo é completamente relativo e isso me faz não ficar brava com a situação a que chegamos neste ponto. Não é maldade sua pensar que a maldade é toda minha. Eu poderia estar te esperando até hoje, sofrendo de saudade nessa distância, mas você não esteve me esperando quando estávamos tão mais perto, meu bem. Eu, com todo o amor e paciência do meu ser, ainda tentei mais vezes, mas todas as vezes você acabou me desapontando, você acabou sumindo, rumando seus caminhos pela vida abstrata que lhe atrai, tendo como desculpa seu signo, sua vontade, seu interior. Eu não lhe culpo por ir atrás do que lhe faz bem, mas não me culpe por não suportar a espera. A intensidade muito me agrada, mas me agrada mais quando dura e a sua intensidade, por mais que sempre me afetasse, passava como um vento, que gelava a espinha, deixava a pele toda arrepiada e depois só me sobrava o frio que ficava. Talvez eu não possa dizer com fatos, não tenho comprovações e papeladas pra burocratizar o que eu senti, mas foi isso. Você quebrou o contrato, sabe? Você foi embora antes de vencer e agora quer prorrogação. Eu tentei, eu lhe amei, viu? Mas não deu. Eu não posso provar, também, que alguém novo me dará mais do que você deu, mas afirmo categoricamente que, do fundo do meu coração, é o que eu espero. E é sim o que eu acho. Porque agora eu sinto a mistura perfeita da intensidade com a calmaria na minha língua. De qualquer forma, porém, não se preocupe comigo porque se eu me decepcionar novamente, saiba que eu continuarei procurando enquanto eu tiver forças. Eu posso não saber muito bem o que eu quero, mas o que eu não quero eu sei exatamente.<br /><br />Eu não consigo ser grossa com você, não consigo lhe dizer adeus, até nunca mais, não fale mais comigo. Eu fico aguentando você dizer que nunca mais quer me ver e depois voltar pra me dizer mais coisas ruins. Eu não sei o que você quer, eu não aguento mais e, no fundo, eu ainda tenho esperanças que tudo isso encontre um ponto pacífico entre nós, que tudo se acalme e nós nos vejamos como duas pessoas incríveis que somos. Como nos conhecemos, lembra? Com admiração apenas, sem raivas, sem ressentimentos, sem receios. Desculpa se eu exagerei, desculpa se eu sou volátil, desculpa se eu esperei muito de você, desculpa se foi demais, desculpa por como acabou e desculpa pelas promessas não cumpridas e desculpa por estar escrevendo isso, assim, por estar gostando das minhas mudanças e por não voltar atrás, mas, sinceramente, eu não suporto o que você se tornou. Você sempre foi mais a frente, você sempre esteve ganhando todas as corridas. Agora você está ficando pra trás, mas quem escolheu isso foi você, ou! Ou, corre! Quem não se importa de ficar pra trás sou eu. Você nasceu pra ficar na frente. Pode ficar, ou. Pode ficar porque eu não vou ligar, vai lá.<br /><br />E, ah, eu vou crescer sim, tá? Eu vou crescer muito porque eu sei que eu ainda preciso, mas é muito mais maduro admitir que não somos maduros o suficiente. Nós não fomos. Não fomos e não somos. Nem eu e nem você.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-3048066296504739152010-06-16T19:58:00.000-07:002010-06-16T20:22:25.134-07:00Escrita sobre telaAh... Se nos meus traços coubessem a beleza dos seus detalhes, amor... Sinto uma necessidade imensa de decifrar cada traço que compõe seu corpo por completo, do mesmo jeito que aos poucos vou descobrindo reentrâncias da sua mente maluca e sempre encontro caminhos novos pra descobrir cada vez mais. Tenho certeza de que jamais descobrirei tudo sobre você e também tenho certeza de que nunca deixarei de tentar. Cada traço que desvendo é um abraço, uma proximidade, uma conquista. A cada segundo de cada dia agradeço aos meus olhos, que me permitem lhe observar o tempo todo. Você já é uma obra, meu amor. A obra perfeita e completa. Contemporânea e kitsch. Uma obra-prima da qual o tempo não é inimigo - você não se deteriora, mas se aprimora a cada dia. Pintar, desenhar ou escrever você é como aperfeiçoar uma réplica - por mais perfeita que esteja, nunca passa de uma simples réplica.<div><br /></div><div>Eu me disfarço de artista, mas sou apenas sua moldura - a moldura que sua alma enorme andava procurando, uma moldura que não impõe limites espaciais e nem nenhum limite de qualquer espécie. Eu lhe enfeito enquanto cuido para que sua loucura e beleza tenham lugar neste mundo de Deus. Eu tento plagiar a natureza ao lhe representar - eu é que sou uma farsa, não é mesmo, amor? Me diz - quem é o seu autor? O céu?! A lua?!</div><div><br /></div><div>Não conseguiria eu aprisionar suas cores numa tela, como conta Edgar Allan Poe, pois não há como amar mais a Arte do que eu amo você: Ao meu ver, você e a Arte s<span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 12px; ">ã</span>o simplesmente a mesma coisa.</div>Unknownnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-52860044136633408642010-06-06T00:55:00.000-07:002010-06-06T21:05:55.098-07:00Sobra tanta falta<div>Já não sei mais de que servem os dias um pouco tristes sem o seu abraço pra reconfortar. Sem a sua arrumação, a bagunça já não me parece mais tão ousada, tão prazerosa e confortável. Já não me atrevo a caminhar pelos caminhos do desejo porque todo o amor que cabe em mim está enterrado em suas carnes, que andam a tantos quilômetros daqui. Já não entendo as farras, não suporto os porres. Já não vejo graça em fazer o que você me proibe sem você aqui pra me censurar. Não esbanjo vontade e não poupo casacos de lã. O colchão fica enorme sem você, as cobertas ficam mais frias e me falta algo entre os braços, entre as pernas. Faltam as conversas de todos os dias, eu querer explodir, falta minha alegria incessante de lhe ver sorrir pra mim. Falta também as conclusões precipitadas, os conceitos indefinidos, falta você pra me ajudar a esculpir pensamentos brutos. Falta você na sua própria cama, falta seu cheiro pr'eu não sentir. Já não disponho de meios pra fugir de minha proposta inicial. Falta o seu encanto, seu jeito torto de reclamar do cabelo, de encontrar feiúras onde eu só vejo beleza. Falta sua delicadeza, sua brutalidade, falta alguém pra ir na frente e me deixar andando sozinha. A pausa da vírgula se estende e a boca saliva à espera da próxima frase. O mesmo capítulo, o mesmo momento, a mesma intensidade. Já não sei aumentar nem diminuir. Condeno-me a dormir, a passar noites em claro soletrando palavras a seu respeito. Não há sofrimento, apenas saudade. Saudade boa, que eu sei que passa. Há uma pontinha de medo, um detalhe infímo entre as certezas absolutas. Minhas gargalhadas sem você não passam de meros risos. Infelicidade não é a palavra, mas é que o que é bom acostuma fácil. Já não sei seguir os dias sem você, nem concluir tarefas, é como ir trabalhar e não bater o ponto. Falta você na volta, os seus braços em volta do meu corpo, o seu carinho, os seus fios de cabelos brancos e o seu olhar.</div><div><br /></div><br /><div> </div><div>Decidi-me, pois, que não apenas lhe quero comigo, mas lhe quero comigo todos os santos e abençoados dias da minha vida. Já não me imagino mais sem você. E nem quero.</div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-66920342907297470282010-05-17T17:20:00.000-07:002010-05-17T21:30:26.866-07:00Compor e tocar vocêFazemos um pequeno mundo de alegrias incomparáveis pra nós, pra fugirmos de uma realidade crua e bem vestida, recheada de hipocrisias. Projetamos imagens imaginárias no nosso cenário: os nossos sóis se põem sem nuvens todas as tardes. Você sente os cheiros e me descreve-os, com delicadeza e carinho, com doçura entre um beijo e outro no meu olho. Você rouba os meus óculos e os usa, então nada vemos além de nossos olhos vesgos. Descremos do mundo, acreditamos nas pessoas, temos fé no que existe entre elas, ou melhor, achamos que o que existe entre elas é pelo que temos fé. Limpamos nossos dentes, mostramos nossos sorrisos. Nossas páginas vão se escrevendo com letra de mão, com açúcar e limão e belezas indizíveis. Nossa capa se desenha com linhas contínuas, com desenhos abstratos onde você sempre encontra romantismo (tanto o artístico quanto outros). As páginas se enfeitam com verdades óbvias, com olhadas de canto e abraços apertados. Os números se esvaem, as maiorias se cansam. Vamos percorrendo laudas completas, ouvindo um pouco do que se há pra ouvir, esperando por nada, pois de tudo já chegou muito, ao menos de tudo o que precisamos.<br /><br />Quando eu lhe amo o sempre é pouco pra caber. E o quanto em mim é pouco pra suportar. Eu não saberia dizer, meu bem, mas você sabe que mesmo assim eu não canso de falar.<br /><br />Obrigada por escrever comigo essa música, essa história, por descompor comigo esse perfume, por desenhar comigo essa imagem. Nós somos sublimes e somos pura sinestesia.Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-24031506918928052042009-12-30T07:02:00.000-08:002009-12-30T07:16:03.754-08:00Frases perdidas num mundo de gritosJá não me canso do meu vão desejo, nem o nego - unimo-nos por completo.<br />- <span style="font-style: italic;">Eu não sou forte o bastante, querido.</span><br />Ainda sinto a textura daquela língua quente que me invadiu a boca. Eu quis beijar-lhe a alma e o corpo inteiro.<br />- <span style="font-style: italic;">Mas é pecado, não é?</span><br />Meu coração me aperta, cada músculo se dissolve em arrepios frios. Está claro: no maxilar, no estômago, no formigamento dos dedos dos pés.<br />- <span style="font-style: italic;">Ela tocou a minha guia, Orixá. Retrocedeu minha Boa Esperança pras Tormentas e de Gigante, cadê?</span><br />Ah, me deixa vadiar... Esquecer o que há pra fazer.<br />- <span style="font-style: italic;">Meu desespero é lento, pai. Minha esperança é frouxa</span>.<br />A sua maciez entrelaçada na acidez que contem tudo o que me é perfeição:<br />- <span style="font-style: italic;">Toda vez que eu fecho os olhos te preciso, amor</span>.<br />As marcas da minha oralidade no que deveria ser formal. As cicatrizes de infância e as marcas que você me deixou.<br />- <span style="font-style: italic;">Cadê você agora?</span><br />Na busca eterna do que é divino, Deus, seus filhos não deixam o que é céu passar como fosse nuvem?<br />Aos pés de Tupã desapareço no abismo que sou e que só posso ser. E sou o quê senão entregue? Sou carta? Serei lida?<br />- <span style="font-style: italic;">Desculpa se não há mais lágrimas embaçando a visã</span>o.<br />Bate no tambor com toda a sua força, nêgo. Surdo, mudo, cego, insano.<br />- <span style="font-style: italic;">Obrigada, amor.</span><br />Eu cheguei no mundo sem nada, hoje me pertencem meu corpo pecador, meu coração desobediente cheio de sangue e amor; e todos os meus pensamentos entorpecidos.<br />- <span style="font-style: italic;">Eu vou embora</span>.<br />E tudo o que me pertence vai comigo.Unknownnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-76574195222824806162009-11-25T16:29:00.000-08:002009-11-25T17:25:34.498-08:00Quanto é o ingresso?Eu a observava de longe, num canto escuro, enquanto ela era pura luz. Enfeitava-se nos finos raios de Sol que irradiava e brincava com o corpo numa frenética insistência de me fazer não resistir sem saber. Eu confesso - nunca fui um bom homem. Eu não acredito na transformação. Tudo o que sou, ontem eu guardava, mas aqui estava, já bem preso nas entranhas de mim.<br /><br />Ia soltando meus podres ares entre copos de cerveja e as fumaças de cigarros alheios. Quis fumá-los todos e me embriagar com as mais ardidas bebibas que me queimassem a goela. Que me fizessem sentir fisicamente o que eu já estava sentindo, pra ver se, quem sabe, não passava. Mas não passava: eu nunca fui um bom homem. Meus olhos a seguiam de canto em canto, sem perdê-la um instante sequer, a guardá-la na retina, no cérebro, n'alma, a tatuá-la na memória. E me estremecia o corpo - mau homem, má insistência, má desistência. Escolhas euforicamente enganandas, vesgas, embaçadas. O nó da garganta espreitava boca afora, e a ânsia do estômago tinha ímpetos de fazer o mesmo. Era um sentimento puramente físico que se apossava de mim. Os goles se tornavam sem gosto e meus olhos ardiam. Estaria com febre, talvez? Sentia arder a nuca, o pescoço, o corpo todo.<br /><br />Mas estava decidido - eu nunca fui um bom homem. Um bom homem não sentiria aquilo, não desejaria com tanto <span style="color: rgb(204, 0, 0); font-weight: bold;">calor</span>. Um bom homem elogiaria a beleza dos olhos da moça, enquanto eu me afogava em outras belezas muito menos dignas. O álcool barato já me doía a barriga e a cabeça, mas os olhos nem piscavam. Era um espetáculo: as luzes coloridas voavam pra todos os lados pra acompanhá-la. Minhas mãos formigavam. Era um espetáculo para um homem ruim. Pra um homem ruim se desintegrar em física paixão, pra eu me afogar, me desfazer, estremecer.<br /><br />Ela dançava, reluzia seus encantos pro mundo sem vergonha, enquanto o mundo não sentia vergonha alguma de recebê-la, também. Ela falava, cantava, dizia, dançava e andava. De um lado pro outro, num ritmo inconstante e incoerente.<br /><br />Até que tudo rompeu-se, deixando-me inquieto e deslocado. A cena acabou. Meu corpo ficou numa inércia desesperada, na esperança da volta. Os olhos perderam o foco, fiquei distante, perdi a concentração. Onde estaria? Onde estava? Onde estará? Não haviam mais olhos, nem corpo e o desejo se esfregava nas mãos, tão perdido quanto eu, sem saber pra onde ir. Tão forte, tão destinado e sem rumo.<br /><br />Agora só me restava a certeza de que eu não era um bom homem. No meu palco, nada mais havia. Um mau homem, sem motivo, sem reação. Eu era um mau homem sem com que ser mau. Mas agora eu já sabia o que eu era e não tinha mais volta. Eu descobri o que havia numa parte desconhecida de mim. Uma vez descoberta, agora estava a mostra. Levantei-me da poltrona e saí, sem notar que as luzes ainda estavam acesas. Pra mim, elas já não estavam.Unknownnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-26117391870852142792009-11-24T14:54:00.000-08:002009-11-24T15:51:41.865-08:00Dear J,Hoje o clima não está pra desenhos. Passei a tarde enfurnada no quartinho de costura e já usei todos os retalhos que você comprou pra mim nas férias. Quero mais estampas floridas e ainda não aprendi onde encontrar aquelas bolinhas coloridas sem você. Eu lhe fiz um estojo pra guardar suas canetas pretas. É que elas são tão insaturadas, J, precisam de alguma cor pra sorrir um pouco. Você paga se eu enviar pelo correio pra você ou prefere que eu lhe entregue quando você voltar?<br /><br />Acabaram os botões amarelos, talvez porque eu tenha um apreço incrível em usá-los em todas as peças que costuro. E estão sobrando os verdes, não comprarei novos (por enquanto). Você prefere os amarelos? Estava pensando em lhe fazer um desenho. Pensei em pintar um quadro, mas quis escolher antes uma cor e não sei. Eu nunca sei. Você escolhia, quando estava aqui.<br /><br />Eu manchei minha saia listrada ontem - não fique bravo comigo. Acabei lavando a bendita junto com os lençóis. Não deu certo. Mas tou pensando em transformá-la em uma bolsa, não sei ainda.<br /><br />Passei a noite pensando nas flores que você me enviou. Você exagerou nas cores delas pela falta do que escrever no cartão? Ainda disserto comigo mesma sobre a distância estar dissipando ou aumentando o nosso caso. Eu sinto sua falta ao meu lado na minha cama quando acordo, mais do que quando me deito. Acho que nossa paixão acabou, J. Agora ficou esse amor frouxo das primeiras horas de Sol. Mas ainda tenho aqueles pensamentos temáticos sobre os quais conversamos outro dia ao telefone.<br /><br />Quando você voltar, traga o calor da euforia com você, por favor.<br />Perdoarei que você se esqueça de todos os outros pedidos.<br /><span style="font-weight: bold;">Menos este.</span><br /><br />F.Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-56436910912554338982009-11-17T12:44:00.000-08:002009-11-17T16:28:00.613-08:00Sieg Füher<span style="font-size:100%;">Eu lhe quis de volta pra encher meu ego, pra me dizer coisas bonitinhas. Eu me aproveitei de você, do seu corpo, do seu amor. Testei seu sexo, sua força, seu lirismo e sua voz. Eu lhe deixei rouca, frouxa, morta e murcha, com os cabelos revoltos. Sem roupas as pessoas perdem o orgulho. Eu lhe observei com olhos duros e disfarcei com um sorriso bobo. Fiz umas piadas e desfiz o seu medo. Eu lhe fiz desperdiçar dias, meses e palavras inúmeras, depois lhe coloquei de volta na minha caixinha e guardei com carinho dentro do guarda-roupa. Eu enxuguei as suas lágrimas com as costas das mãos e lhe deixei de molho. Pecado, né? Tão bonitinho esse seu corpo, seu estilo ingênuo de gente que finge que sabe o que quer... Suas cartas quase que tiram uns sentimentos de mim. É pecado lhe deixar de lado, mas não tem muita graça, o seu barato é pouco e o nervosismo que você sente quando me vê me deixa um pouco enjoada. Você não é loucura, você não é paixão, você é meio água com açúcar. Pro meu jogo de amores, você ainda é café com leite. Pingado. Em copo de cerveja de bar, daqueles que não valem nada. Falta muito amor próprio, eu não quero o seu romancezinho de novela das seis. Sem contar que você sempre volta, então tanto faz. Eu posso ter e não ter, só estalando os dedos. Você nem sabe estalar os dedos. Isso faz você perder toda a graça, sabia? Você é tão judiadinha e a minha fúria por falta de amor fica louca pra lhe passar uma rasteira com gostinho de Holocausto de vez em quando, só por diversão. Vez em sempre, na verdade. Eu não faço por mal, você é que vem, você é que escolhe me encher de bajulações desnecessárias e eu, sinceramente, acho uma graçinha. É engraçado: esse tanto de gente super apaixonado por você, mas cê curte sofrer, né? HAHAHA Tô ligado. Mas tudo bem, pra sofrer é comigo mesmo. Ah, sei lá, meu, espera mais um pouco ai... Quem sabe um dia eu não decido pegar você de novo?</span>Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-276543844446084606.post-42851013928046873702009-10-25T15:50:00.000-07:002009-10-25T20:05:30.494-07:00And nothing else compares<span style="font-weight: bold;">A</span> música é um passo pra completa insanidade. Quando ela invade os nossos ouvidos, o sentimento se une ao físico e nós nos tornamos seres entregues, completamente preenchidos por acordes que nem sequer sabemos quais são. Nos cinco minutos enquanto vibram nossos tímpanos, são os cinco minutos mais perfeitos de nossas vidas, durante os quais nada nos falta. Nossos sentidos se entregam a falta de razão, nossos atos os seguem, inertes. Tornamo-nos uma massa compacta, complexa, desconhecida, concentrada. A música nos faz ser uma coisa apenas, dentro da qual cabe tudo o que se existe pra ser. A música expõe nossos corpos ao delírio. Ela faz de mim o que eu sou, e faz de mim o que ela bem quer. Meus cinco minutos de completa inércia a você, querida, vão se prolongando e tornando-se horas, dias, meses, vidas. De minutos em minutos em que o meu corpo é seu, meus atos e meu pensamento, completamente absortos em suas entranhas, entrando aos poucos pelas minhas.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSGcor-lNln0W40OIHp9ENNdFs1c6fdTK1UipQA7ClQBJpCdvBoGI6QRYtqoydvHaS-cNOySWl82TGdf3FPKX_y7sGpU5ozWlHuftXfght4wpBOqQwJy-gVAZ-hEfpOEykZ2rZW8s7tcY/s1600-h/music.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 354px; height: 176px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSGcor-lNln0W40OIHp9ENNdFs1c6fdTK1UipQA7ClQBJpCdvBoGI6QRYtqoydvHaS-cNOySWl82TGdf3FPKX_y7sGpU5ozWlHuftXfght4wpBOqQwJy-gVAZ-hEfpOEykZ2rZW8s7tcY/s400/music.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5396708053683280450" border="0" /></a>Unknownnoreply@blogger.com3