Fazemos um pequeno mundo de alegrias incomparáveis pra nós, pra fugirmos de uma realidade crua e bem vestida, recheada de hipocrisias. Projetamos imagens imaginárias no nosso cenário: os nossos sóis se põem sem nuvens todas as tardes. Você sente os cheiros e me descreve-os, com delicadeza e carinho, com doçura entre um beijo e outro no meu olho. Você rouba os meus óculos e os usa, então nada vemos além de nossos olhos vesgos. Descremos do mundo, acreditamos nas pessoas, temos fé no que existe entre elas, ou melhor, achamos que o que existe entre elas é pelo que temos fé. Limpamos nossos dentes, mostramos nossos sorrisos. Nossas páginas vão se escrevendo com letra de mão, com açúcar e limão e belezas indizíveis. Nossa capa se desenha com linhas contínuas, com desenhos abstratos onde você sempre encontra romantismo (tanto o artístico quanto outros). As páginas se enfeitam com verdades óbvias, com olhadas de canto e abraços apertados. Os números se esvaem, as maiorias se cansam. Vamos percorrendo laudas completas, ouvindo um pouco do que se há pra ouvir, esperando por nada, pois de tudo já chegou muito, ao menos de tudo o que precisamos.
Quando eu lhe amo o sempre é pouco pra caber. E o quanto em mim é pouco pra suportar. Eu não saberia dizer, meu bem, mas você sabe que mesmo assim eu não canso de falar.
Obrigada por escrever comigo essa música, essa história, por descompor comigo esse perfume, por desenhar comigo essa imagem. Nós somos sublimes e somos pura sinestesia.