Você diz que eu sempre fujo das coisas, mas acho que não gosto de fugas - pelo menos das físicas. A ausência é mais forte. A ausência é a violência mais bruta que você pode me dar - uma ferida neutra, sem cor, que causa uma dor que não age, paraliza. Estar sozinho é um processo.
Nestes (e nos outros) momentos muita coisa acontece. São gotas que batem nos telhados, vozes que conversam na rua, o som da geladeira simplesmente gelando, barulhos que ecoam na minha cabeça, me dão vontade de mijar. Frio na barriga: úmido.
A música segue tocando, como se nada tivesse acontecido. É, eu realmente precisava quebrar alguma coisa. Imaginária ou tocável, inteira ela não cabia em mim mais. Talvez eu tenha emagrecido um pouco mais. Faria diferença?
É como a Leila dizia: cuidado com a subjetividade... mas eu não soube fugir. E olha que neste momento uma fugazinha não faria mal a ninguém.
Quer saber? Desta vez eu vou ficar. Vou esperar você voltar, pra eu provar pra mim mesma (ou pra nós duas) que você é capaz disso sozinha. Que você vai escolher sem que eu tenha que pedir.
Enquanto isso, reações químicas continuando agindo no meu corpo. Mas quando você retorna, algo fica diferente. Um diferente igual. O quê?
Um comentário:
Muito bom!
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