17 maio 2008

Ponto de vista amarelado [parte 7]

Como boa menina amarela, Beatriz era boa em lidar com as pessoas, mas este Jonas... Ele era fascinante. Falava pouco e sempre tinha um olhar distante, desatento. Cada fio de cabelo dele transparecia uma verdade incontestável que ela não se sentia capaz de descobrir. Estar com ele era como um grande lago de areia movediça e ele teve de sair logo para não se afogar completamente. Era como se a voz dela ecoasse perfeitamente em cada sílaba e ele fosse um pato.

Entregar o bilhete do estranho para Liz fora uma escolha fácil, pois sabia que a amiga não gostava de gente comum e via claramente toda a história que podia se desenvolver a partir deste guardanapo de papel rabiscado com uma tinta barata. Bia era boa com palavras e estava serelepe com a incógnita de que as palavras certas naquele papel poderiam fazer Liz se apaixonar porque ela nunca (NUNCA) vira Liz apaixonada por ninguém.

Depois de deixar o tal bilhete na 3, correu para o caixa e pediu para Jú trocar com ela um pouco. Era extremamente curiosa e esta se tornara uma questão de seu interesse. A menina amarela assistia com felicidade a paixão alheia, de sua visão amarela das coisas. Dali, a vista era ampla. Perfeita.

Um comentário:

v disse...

fascinante, eletrizante! quero mais mais mais!