06 fevereiro 2009

A verdade sobre a magia [parte 10]

Quando Liz chegou em casa, naquele dia, desabou no sofá bege da sala de tevê. Tinha o olhar fixo, perdido e distante. Não ouviu música, não ligou o computador, não assistiu seu programa favorito. Entre os dedos, amassado, um pouco apagado e molhado com o suor da mão que o segurara com tanto ardor o dia todo, estava o melhor guardanapo de papel que ela recebera na vida. Ela o abriu e o alisou em cima da mesinha de centro. Assim o deixou, ali. Afundou as costas no encosto do sofá e o observou atentamente. Pensou em quantos guardanapos exatamente como aquele ela havia usado na cafeteria durante a vida toda e jogado todos fora depois, sem qualquer ressentimento. Eram, afinal, apenas guardanapos. Mas ela olhava pra aquele, em especial, como se fosse um diamante recém lapidado. Era a coisa mais importante que havia naquela sala, naquele momento.

O que ela sentia era um sentimento descompassado e praticamente incompreensível, que de tão insano, parecia perfeito. E, naquele momento, ela descobriu. Olhando para aquelas fibras toscas e rabiscadas de azul, ela soube: A magia e o ser humano são duas coisas que estão intimamente ligadas. Com um toque, um olhar, um gesto, o homem pode transformar completamente as coisas. Aquilo era um guardanapo, sim, mas a caneta azul de Jonas o transformou numa coisa maravilhosa, que de tão boa, ela nem podia descrever.

Ela riu de leve, colocou o papel no fundo do guarda-roupas, deitou-se e não pensou em nenhuma outra coisa até adormecer.

8 comentários:

fer. disse...

assim como better da Regina Spektor e o fato de que eu lembro de voce quando tomo Yakult?
a continuação ta tão perfeita. voce conseguiu melhorar direitinho.

Anônimo disse...

é uma grande continuação (tudo bem que grande não significa muita coisa. por exemplo: um livro de matemática pode ser grande, mas pra mim não tem bom sentido algum. então, esse grande significa ótimo, espetacular- obvio porém necessário meu devaneio)!

eu já te contei que via corsas vinho por toda a parte (e olha que ele estavam quase em extinção), quando vc tinha um?

. disse...

safada, você mudou a história. pra ser chata queria falar que gostava mais antes, mas gostei mais assim. - na parte do 9, quando ele fala sem parar e ela responde 'verde', principalmente! :)

Li disse...

Você mudou,TUDO.

Jorge Fray disse...

O que me atrai nisso tudo é esse mistério (?) sobre os personagens. Tipo, quem é o Jonas? Eu sei que ele usa all star bege, dorme com um urso de pelúcia e se apaixona platonicamente, mas não sei mais nada sobre ele, é legal isso, cada um que lê cria uma imagem/história particular dele.
E eu adoro imaginar diferentes cenários de vida pros seus personagens =D
Você escreve muito bem (clichê dizer isso, porém é verdade o.o), estou ansioso por mais um capítulo.

p.s.: Desculpe invadir seu blog assim, não me bata.

Jorge Fray disse...

uaheueahaeuheaue sim, eu ouvi sua música. E ela é ótima, diga-se de passagem.

Ah, penso que há várias formas de expressar o que se sente, alguns simplesmente saem falando, outros cantam, outros fazem poemas, outros escrevem histórias.
Acho todos eles muito válidos.

Sobre meu nome, lá se vai um segredo: EUTENHONOMEDOMEIO.
"Augusto", e o odeio mais que tudo.
Acho "Jorge Fray" bem mais...eu. Não sei explicar esse meu repúdio ao nome do meio o_o.

Enfim, beijos :*

Li disse...

É, eu acho que gostei..mais do que o outro até, porque afinal..aquele não dava pra ter uma continuidade, esse dá! Eu gosto de ler sobre você, porque por mais que eles tenham nomes e algumas outras características, eu sempre encontro um pouco de você ali, nesse lindo jeito de fazer as coisas acontecerem e se deslumbrarem nisso, como em todos os seus textos fodas demais ;*

v disse...

até concordo com a sua mudança!
aquilo era muita tristeza para as nossas alminhas românticas, não acha?

beeeeeijo, cá.